COLUNA JF

O Brasil e o Brasileiro

O povo cobra, mas administrar Pequenos Municípios é igual pedir esmola pra 2

Vivemos em um país intercontinental, cheio de culturas variadas e costumes, irrigado pelo analfabetismo que cultiva ódio e produz falta de conhecimento. Nosso povo é lento, pensa pouco e ainda funciona à base do entusiasmo. É movido pela emoção e enganado por palavras lindas e frases feitas. Qualquer falastrão engana o brasileiro. O povo, que para muitos é considerado hospitaleiro, gentil e de bom coração, acaba sendo visto pelos políticos como o animal mais querido do Sertão Nordestino.

Sem léxico, com pouca ou quase nada de base de conhecimento, leitura fragilizada, nosso povo vira presa fácil para os políticos que já se perpetuaram no poder por décadas e nada fizeram pelo brasileiro. Mas a campanha eleitoral se torna um perído de lavagem cerebral, que atinge os mais pobres, aqueles sonhadores que às vezes esperam mais do poder público, que de si próprio. Muitos acabam se tornado mensageiros dos grandes políticos, divulgam suas mensagens como se fosse a mais pura verdade já dita por um candidato durante campanha.

A partir de 2018 a campanha eleitoral ganhou novos aliados, as Redes Sociais e as Igrejas. Com a tal fake news ficou mais fácil atingir um eleitor sem conhecimento, que por falta de domínio intelectual, acredita em tudo e compartilha conteúdos mentirosos. Nas Igrejas o problema ficou ainda mais complicado, algumas lideranças religiosas dissertam textos maculando alguns candidatos e endeusando outros.  A mentira rolou solta nas Redes e nas Igrejas. Ninguém sabe mais em quem acreditar.

Quem falava ter ódio de preto, gay, índio, quilombola, mulher e pobre, recebeu da Igreja uma coroa de defensor da esperança, da família e da sociedade. O mesmo que para enganar evangélicos, acabou decorando um versículo dos 31.176 existentes na Bíblia Sagrada. Apenas João 8:32 foi usado por um candidato, que se intitulava servo de Deus, mas pregava o ódio, falava que sonegava impostos, usava dinheiro público para “comer” mulher no cabaré, e que para resolver o problema do Brasil, teria que matar uns 30 mil brasileiros, mesmo que morressem inocentes. Passou 30 anos no legislativo, mas se auto apresentava como peça da nova política brasileira, mesmo ficando rico com dinheiro público. Ainda assim, ele se intitula o homem mais honesto do planeta.

Para 2020 surgem nomes com falas idênticas, querendo abocanhar a fatia gorda da Igreja, mas os cristãos já estão vacinados contra pilantras em pele de cordeiro. Foram 519 anos de enganação, sofrimento e falta de compromisso com o povo. Ninguém aguenta mais tantas promessas, desrespeito e acima de tudo ganância pelo dinheiro público. O povo está morrendo de trabalhar, pagando as contas dos mais ricos e permanecendo na pobreza.

É claro que existem políticos com compromisso, honram as calças que vestem, mas nesse garimpo é difícil encontrar mais de 1% de políticos com essa qualidade. Os que são diferentes, acabam sendo perseguidos por governos, deputados, senadores e até pelo presidente da República. Os poucos gestores que respeitam o contribuinte, acabam passando seu mandato com as mãos atadas, já que por ser um bom gestor acaba se tornando uma grande ameaça para os opositores.

Em municípios pequenos, o bom gestor encontra dificuldades para gerenciar o dinheiro público. É o mesmo que pedir esmola para 2. O gestor nunca trabalha com o apoio de 100% da população, sempre é criticado, nunca elogiado pela oposição. Nas cidades pequenas o povo espera tudo do poder público, reconhece seus direitos, mas não conhece seus deveres. É uma via de mão dupla e que não funciona de acordo com as características de uma gestão pública.

A população cobra educação (mas não gosta de estudar), saúde (mas não busca atendimento preventivo), transporte escolar (mas seu filho risca, rasga e quebra tudo dentro do veículo), estradas (mas não ajuda conservar, apenas coloca culpa nos governantes), cidade limpa (mas joga lixo nas ruas, rios e mares), esporte (mas não conserva os campos e quadras), água potável (mas não colabora com a coleta para pagar a energia), merenda escolar (mas não sabe que o lanche de seu filho custa apenas R$0,38 por dia), emprego (mas detesta estudar). O povo sempre diz que está com dificuldades, mas faz farra com churrasco e cervejas.

Sou de uma época onde a vontade de vencer era testada pelas dificuldades existentes 24h por dia. Até meados dos anos 90, para estudar o aluno precisa gostar de estudar e ter sonhos, fazer planos para o futuro e buscar realizá-los através dos livros. Tirar nota baixa, nem pensar. Existia uma competitividade saudável dentro da escola, tirar menos de 10 seria um vacilo, seja qual fosse a disciplina. A vontade era sempre maior que as dificuldades. Eram quilômetros percorridos a pé até a escola e muitas vezes a merenda era apenas um sonho. Não tinha transporte escolar para quem morava perto da escola, hoje o ônibus faz parada na porta  de casa para buscar e deixar o aluno.

Política era assunto para gente grande, lideranças, intelectuais, mas os professores faziam críticas aos gestores, afinal os mestres da educação historicamente sempre foram massacrados pelos gestores públicos. A partir do famoso segundo grau, surgiam os Grêmios Estudantis, nasciam lideranças novas e fortes, diferente de hoje, que muitos aparecem após usar e abusar de cargos públicos para abocanhar o poder como legislador ou executivo.

Bem que o passado poderia dar umas aulas ao presente, mostrar que sociedade livre se faz com famílias estruturadas e não com frases feitas. Que a bênção aos mais velhos era uma forma de respeito e que professor é professor, aluno é aluno, pai é pai, filho é filho. Cada um em seu quadrado, jamais teria trabalho para o delegado.

João Filho – É jornalista e radialista, pesquisador sobre a história do rádio e da comunicação no Maranhão.

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