A reportagem publicada pelo jornal O Estadão nesta terça-feira (29) caiu como uma bomba no Palácio dos Leões. O conteúdo revelou que o governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), teria utilizado R$ 280 milhões em recursos públicos para asfaltar a rodovia estadual MA-372, que liga os municípios de São Domingos do Azeitão e Mirador, no sul do estado — exatamente onde estão localizadas as fazendas da família Brandão.
A denúncia de favorecimento direto à família do governador gerou indignação entre parlamentares de oposição e, diante da gravidade do caso, o deputado estadual Rodrigo Lago anunciou que ingressará com uma Ação Popular na Justiça para impedir novas manobras do Executivo estadual que possam ampliar ainda mais os benefícios à família governista.
“O Maranhão está voltando aos tempos em que o Estado era tratado como propriedade de famílias poderosas. E pior: voltamos a ser destaque negativo na imprensa nacional por causa de uma conduta nefasta”, criticou Lago em publicação nas redes sociais.
“TransBrandão”: símbolo do escândalo
O caso ganhou tamanha repercussão que a MA-372 foi apelidada pela população de “TransBrandão” — uma alusão à obra faraônica que, embora apresentada como uma via de integração para o Matopiba, tem como principal beneficiária a própria família do governador. A rodovia, financiada com empréstimo do Banco do Brasil, passa a poucos quilômetros da sede de uma das propriedades do grupo familiar, com direito a placas indicativas de acesso às fazendas.
O deputado Rodrigo Lago também denunciou a tentativa do governo de usar um decreto estadual assinado por ele mesmo para indenizar a própria família do governador, por meio de desapropriação de terras às margens da rodovia TransBrandão.
“Nosso mandato vai ingressar com uma Ação Popular para impedir esse absurdo. O governador não pode legislar em causa própria. O dinheiro público não é ferramenta de enriquecimento familiar. Lutamos pelo povo do Maranhão”, reforçou Lago.
Reação em cadeia
A ação deve contar com a adesão de outros parlamentares da oposição, que avaliam o episódio como um escândalo de grandes proporções e que pode se transformar em mais um processo judicial contra o governo Brandão.
A denúncia do Estadão ainda mostrou que as terras da família triplicaram de tamanho entre 2020 e 2024, e que as fazendas estão formalmente registradas em nome de Jesus Boabaid, sobrinho do governador. Empresas do clã — como a Olea, MBBrandão e JHBB — concentram a estrutura empresarial beneficiada pela nova rodovia asfaltada.
Caminho judicial
A oposição promete fiscalizar todos os atos relativos à execução da obra e à eventual tentativa de pagamento de indenizações com base no decreto estadual. “Não se pode naturalizar o uso da máquina pública para fins pessoais. Vamos judicializar esse caso e cobrar responsabilidades”, concluiu Rodrigo Lago.
Assista ao vídeo completo com as declarações dos deputados e entenda os desdobramentos da denúncia.