Enquanto secretário Tiago Fernandes usa a SES para de autopromover, paciente morre na UPA do Araçagy após 12 dias à espera de cirurgia

Paciente permaneceu internado quase duas semanas aguardando transferência para hospital de alta complexidade.

Um caso de possível negligência na rede pública de saúde do Maranhão voltou a chamar atenção após a morte de um paciente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Araçagy, na Região Metropolitana de São Luís. A família denuncia omissão por parte da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e cobra investigação do Ministério Público.

A denúncia foi feita nas redes sociais por Amanda Gabrielly Meneses, sobrinha da vítima, e repercutiu entre veículos da imprensa independente. Segundo ela, seu tio foi internado no dia 9 de novembro com quadro avançado de derrame pleural e necessitava de cuidados especializados que a UPA não oferecia.

Caso se agravou enquanto paciente aguardava transferência

De acordo com Amanda, o médico da unidade solicitou exames, drenagem de secreção e avaliação de especialistas — como cirurgião torácico e pneumologista — além da transferência para um hospital com estrutura adequada. Nada disso, no entanto, teria sido providenciado. “Ele permaneceu três dias na enfermaria, mesmo com falta de ar intensa, e só depois disso foi levado à UTI. O quadro piorou e, mesmo diante da urgência, não houve transferência”, relatou.

Segundo a família, o paciente ficou 12 dias internado aguardando regulação para um hospital de alta complexidade. Apenas após a denúncia ganhar repercussão nas redes sociais, houve retorno da SES, mas a transferência não aconteceu a tempo.

O paciente morreu na madrugada do dia 22, por volta das 2h. A família afirma que, até o dia anterior, ele estava lúcido e se comunicava, ainda que debilitado.

Família acusa o Estado de omissão

Amanda afirma que a morte foi consequência direta da falta de assistência. “Houve negligência, descaso, falta de empatia e de responsabilidade no atendimento. Ele precisava de cuidado imediato e não recebeu o suporte adequado”, declarou.

A sobrinha também relatou inconsistências nas informações repassadas à família. Segundo ela, enquanto a equipe havia informado que o paciente apresentava apenas derrame pleural, a certidão de óbito registrou sepse pulmonar, pneumonia e empiema pleural.

Apelo por justiça

Após a morte, familiares pedem responsabilização e melhorias na saúde pública. “Não buscamos ofender ninguém, mas temos direito de cobrar esclarecimentos. Outras famílias não podem passar pelo que estamos vivendo”, afirmou Amanda.

A família relatou ainda que, após seguidores marcarem o deputado federal Duarte Júnior, sua equipe entrou em contato e tentou acelerar a regulação, mas o esforço não evitou o desfecho fatal.

Crise na saúde e críticas à gestão estadual

O caso reacende o debate sobre as condições da rede pública estadual de saúde. Unidades como o Hospital da Ilha e o Hospital Dr. Carlos Macieira estariam operando acima da capacidade, segundo relatos de servidores e pacientes.

Enquanto isso, o secretário de Saúde, Tiago Fernandes, tem sido alvo de críticas por utilizar a estrutura da pasta em agendas políticas pelo interior do estado, em meio às especulações sobre sua pré-candidatura a deputado estadual em 2026.

A reportagem procurou a Secretaria de Estado da Saúde para esclarecimentos sobre o caso, mas não obteve resposta até o fechamento deste texto.

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