A derrubada de 52 vetos presidenciais à Lei Geral do Licenciamento Ambiental, durante sessão conjunta do Congresso Nacional, reacendeu o debate sobre a proteção ambiental no país e expôs divergências dentro da bancada maranhense. Entre os três senadores do estado, apenas Weverton Rocha (PDT) votou pela derrubada dos vetos, apoiando mudanças que flexibilizam as regras de licenciamento e que são classificadas por especialistas como um dos maiores retrocessos ambientais das últimas décadas.
Os vetos rejeitados reintroduzem dispositivos que permitem o licenciamento por autodeclaração e, em determinadas situações, até a dispensa total de licenciamento para atividades com potencial impacto ambiental. Especialistas alertam que essas alterações reduzem a capacidade de fiscalização, fragilizam mecanismos de controle e colocam o Brasil em rota oposta às práticas internacionais de proteção ambiental, especialmente diante de obras de infraestrutura e empreendimentos de médio porte.
No Maranhão, o voto de Weverton ocorreu de forma isolada. As senadoras Ana Paula Lobato (PSB) e Eliziane Gama (PSD) votaram pela manutenção dos vetos presidenciais, alinhadas à posição do governo federal e à defesa de normas mais rígidas de preservação ambiental. A postura de Weverton contraria posicionamentos que o próprio pedetista já defendeu em anos anteriores, quando se apresentava como crítico de flexibilizações ambientais.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, classificou a decisão do Congresso como uma “verdadeira demolição do licenciamento ambiental brasileiro”. Segundo ela, a flexibilização representa riscos de danos irreversíveis a biomas sensíveis, amplia a possibilidade de tragédias ambientais e enfraquece a política ambiental em um momento crucial, às vésperas da COP30, que será realizada no Brasil.
Ao votar com setores que defendem o afrouxamento das normas, Weverton se alinha a um grupo político que historicamente rejeitou regulações mais rígidas. Para críticos, o senador tem adotado posições opostas às que defendia no passado, num movimento visto como tentativa de aproximação com eleitores bolsonaristas e de sobrevivência política.
A mudança de postura se soma a outros episódios que reforçam a percepção de incoerência. Antes crítico do chamado “filhotismo” na política, Weverton hoje se aproxima do grupo do governador Carlos Brandão — que promove a candidatura do próprio sobrinho — e se alinha a agendas que antes rechaçava publicamente. O movimento abre espaço para questionamentos sobre sua coerência política e a consistência de suas posições ao longo dos últimos anos.
