Passaporte da vacina é realidade em 211 cidades do Brasil

Bolsonaro diz ser contra exigência. Comprovante é cobrado em capitais, como SP e RJ

Criticada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem parido) na Organização das Nações Unidas (ONU), a exigência de que seja comprovada a vacinação contra Covid-19, popularmente chamada de “passaporte da vacina”, é realidade em ao menos 211 cidades brasileiras. O dado é da Confederação Nacional de Municípios (CNM).

Na prática, o documento é necessário para quem quer ter acesso a eventos, shoppings, restaurantes, shows, academia e outros espaços de uso comum. O certificado, normalmente digital, é obtido por aplicativo ou emitido pelo site das prefeituras.

As capitais

Capitais, como São PauloRio de Janeiro e Salvador, já cobram o documento. Alguns destinos turísticos, como é o caso de Fernando de Noronha (PE), também exigem o comprovante.

Recife, Fortaleza e Campo Grande discutem a implantação da carteira de vacinação. Se aprovada, a capital pernambucana entrará na lista dos destinos exclusivos para imunizados contra o coronavírus. O projeto de lei está na Assembleia Legislativa. Vereadores da capital cearense também debatem o tema. A bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara Municipal de Campo Grande apresentou projeto de lei que prevê a implementação do Passaporte da Vacina em todo o município.

As cidades

A reportagem do Metrópoles pediu para a CNM a lista completa das cidades que decretaram a medida. A associação, no entanto, afirmou que não divulga os municípios, apenas o número total.

Confira algumas das cidades que exigem o passaporte da vacina:

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), anunciou que o estado vai exigir passaporte da vacina em locais públicos. O petista, contudo, não detalhou como será a medida nem em que data entrará em vigor.

As críticas

Na abertura da 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que o governo brasileiro está investindo na imunização, mas que não se pode obrigar a população a tomar a vacina.

“Apoiamos a vacinação, contudo, o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada à vacina”, afirmou. Em contrapartida, disse que “até novembro, quem quiser será vacinado”.

“Conter o vírus”

Para a comunidade médico-científica, quem não está imunizado deve ter restrições de circulação. A medida é uma forma de diminuir os riscos de contaminação.

Breno Adaid, coordenador do mestrado profissional em administração do Centro Universitário Iesb e pós-doutor em ciência do comportamento pela Universidade de Brasília (UnB), explica que pessoas vacinadas têm chances menores de se contaminarem ou, em caso de adoecimento, de evoluírem para um quadro grave.

“Pessoas não vacinadas hoje, nos Estados Unidos, por exemplo, respondem por mais de 95% das internações. Logo, geram um problema para o sistema de saúde, além do fato de que quanto mais eles se movimentarem mais espalharão o vírus, aumentando a chance de o vírus encontrar outra pessoa sem vacina ou vacinada, mas em estado delicado de saúde, ambos os casos podem evoluir para o quadro mais grave da doença”, frisa.

O pesquisador salienta que restringir a movimentação de pessoas não vacinadas diminui os potenciais de transmissão. “Uma pessoa vacinada potencialmente apresenta comportamentos mais conscientes em relação a se isolar e dificultar a transmissão do vírus do que pessoas que não se importam tanto com a contaminação”, pondera.

O infectologista especialista em medicina tropical Dalcy Albuquerque, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), acrescenta que a adoção de restrições para pessoas não vacinadas é uma realidade atual em todo o mundo. Ele cita países da Europa e os Estados Unidos como exemplo.

“Não é que seja obrigado a se vacinar, mas quem optar por não ser imunizado terá uma série de limitações, inclusive de trabalho em algumas situações”, avalia.

O médico ressalta que mesmo com a vacinação, o uso de máscara e o distanciamento social ainda são necessários para diminuir a transmissão. “Sabemos que em locais fechados o risco é maior”, acrescenta.

Panorama
Desde o início da pandemia, o Ministério da Saúde já distribuiu 267,6 milhões de doses da vacina. Ao todo, 222,4 milhões foram aplicadas entre primeira, segunda e dose única.
O Brasil registrou 21,2 milhões de casos de Covid-19, sendo que 591 mil pessoas morreram em decorrência de complicações da doença.
Por Otávio Augusto
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