ARTIGO

Assembleia fecha contrato milionário para compra de passagens aéreas, rodoviárias e fluviais

Contrato assinado em setembro de 2024 soma mais de R$ 2,3 milhões com duas agências de viagens

Enquanto a população maranhense é exposta ao constrangimento de propagandas institucionais que exaltam a distribuição de R$ 200 por meio do programa Maranhão Livre da Fome, deputados estaduais que aplaudiram a criação do programa social esbanjam recursos públicos com viagens aéreas, fluviais e rodoviárias, em uma rotina de mordomias bancadas por quem mal consegue garantir o básico.

O contraste é revoltante. Enquanto o trabalhador comum, que sobrevive com um salário mínimo, parcela uma passagem aérea em até 12 vezes no cartão de crédito, deputados estaduais viajam às custas do erário sem prestar contas claras à sociedade. O privilégio da classe política parece imune à crise econômica que atinge os maranhenses, muitos dos quais enfrentam a precariedade de serviços básicos como saúde, transporte e segurança.

Além de vergonhoso, o gasto é imoral. O trabalhador, que precisa escolher entre comer ou pagar a condução dos filhos para a escola, banca gasolina, carros oficiais e agora também passagens aéreas para parlamentares que, quando comparecem ao plenário, o fazem apenas para reverenciar o governador Carlos Brandão, em vez de legislar em favor da população.

Em fevereiro de 2025, com o retorno das atividades legislativas, entrou em vigor mais um reajuste salarial dos deputados estaduais. O aumento de 37%, aprovado em 2022 pelos próprios parlamentares, elevou os vencimentos mensais para R$ 34.774,64. Esse é o quarto reajuste escalonado concedido em apenas três anos — um privilégio em total dissonância com a realidade da maioria dos maranhenses.

Contrato milionário para viagens

Em meio à pobreza extrema de muitas regiões do estado, à ausência de médicos nos hospitais e ao abandono das estradas estaduais, a Assembleia Legislativa do Maranhão firmou, em 2024, um contrato no valor de R$ 2.304.081,04 para aquisição de passagens e hospedagens nacionais e internacionais.

A empresa Ararauna Turismo Ecológico Ltda, com sede na Avenida Getúlio Vargas, Centro – Cuiabá-MT, foi a grande beneficiária, com um contrato de R$ 2.286.123,04. Já a Babacu Viagens e Turismo Ltda, com sede na Rua do Sol, Centro – São Luís-MA, recebeu um contrato complementar de R$ 17.958,00, destinado à emissão de passagens, remarcações, cancelamentos e hospedagens específicas para atender à Presidência da Casa.

O contrato, homologado oficialmente pelo Legislativo maranhense, chama atenção não apenas pelo montante milionário, mas também pela ausência de critérios objetivos sobre os destinos, justificativas das viagens e beneficiários dos serviços. Em um estado com os piores indicadores sociais do país, a falta de transparência nesses gastos públicos é um verdadeiro escárnio.

Em vez de promover a contenção de despesas e o uso racional dos recursos, a Assembleia Legislativa do Maranhão mantém um padrão de gastos que afronta o cidadão que paga seus impostos e convive com a escassez de serviços essenciais. Enquanto isso, os parlamentares seguem viajando — com o conforto garantido pelo dinheiro do contribuinte.

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