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Damares Alves e suas declarações duvidosas de ameaças

A Ministra não consegue sustentar uma tese dita pela manhã, até o final do dia

Sem querer parecer preconceituoso ou leviano, mas de onde vejo o mundo, está claro que a ministra Damares Alves exagera ao se mudar para um hotel em razão de supostas ameaças de morte que estaria recebendo. Suas declarações para a revista “Veja” e para a rádio Jovem Pan beiram o inacreditável. Primeiro, ela se compara a Jair Bolsonaro ao dizer, abre aspas, “no momento da posse havia ameaças a mim e ao presidente”. Imagine. Que importância tinha a ministra para ser ameaçada de morte? Seria por causa dos meninos que vestem rosa ou das meninas que preferem o azul?

Ela explica, sem parecer constrangida diante da barbaridade, que o crime organizado estaria tramando contra ela. E elenca quatro modalidades de crimes que ela imagina estar incomodando a ponto de seus chefes planejarem um atentado contra sua vida. “Vamos lembrar que pedofilia é crime organizado. Legalização das drogas, que eu me coloco veementemente contra, tem crime organizado. Crianças desaparecidas, tráfico de mulher, também”.

Alguém consegue imaginar um sujeito que distribui fotos de menores na internet ou arranja encontro entre crianças e pedófilos planejando o assassinato de Damares por causa de sua ação no ministério contra esse tipo de crime? Até porque as políticas do Ministério são de prevenção, nunca de repressão. Também não parece verossímil que pessoas ligadas ao tráfico de mulheres e crianças pensariam em matá-la, apesar de esses crimes serem graves e abundantes no Brasil.

Com relação ao tráfico de drogas, as hipotéticas ameaças seriam ainda mais inusitadas. Se não absurdas. Qual o traficante que atentaria contra sua excelência por ela ser contra a legalização das drogas? Pelo contrário, para estes, Damares mereceria uma estátua. O que menos quer o traficante é a legalização, que acabaria com o seu negócio.

Mas a ministra não teme estas ameaças que afirma receber pelo Facebook e outras redes sociais. Damares disse, numa das entrevistas que deu na sexta-feira, que elas não a assustam. Mesmo assim foi morar num hotel onde imagina estar mais segura. E, para fugir dos holofotes que a iluminam aos olhos dos potenciais criminosos, disse à “Veja” que pediu demissão do cargo. E, segundo ela, diante da insistência do presidente para ficar, disse que permanecerá no posto até dezembro.

O esperado seria ela anunciar que ficaria até o fim do mês. Mas, não, a ministra que já viu Jesus numa goiabeira avisou que ficaria mais oito meses no cargo. Uma eternidade para quem sente que sua vida está ameaçada. Mas Damares surpreenderia ainda mais, provando ser mesmo uma mulher corajosa. Em razão da repercussão das entrevistas, avisou que desistiu e não sairá mais do governo. Apesar dos riscos que corre, já que traficantes de mulheres, crianças e drogas, pedófilos e estupradores organizados estão no seu encalço, resolveu ficar. Merece todo o nosso respeito.

AUTOEXÍLIO

O embaixador Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa dos governos Lula e Dilma, respectivamente, quer deixar o Brasil. Já disse a amigos que não suporta acompanhar tão de perto os muitos equívocos da nova administração. O que mais irrita Amorim é o “messianismo” que tomou conta do Itamaraty. Na sua época era diferente, garante Amorim, apesar do conhecido xiitismo do seu secretário-geral, Samuel Pinheiro Guimarães.

A CASA DOS ZUCAS

Se Celso Amorim for para Portugal, poderá morar num dos muitos imóveis que estão sendo construídos ou reformados para brasileiros em Lisboa e outras cidades portuguesas. Para atender nossos patrícios, esses imóveis estão ganhando um cômodo extra, o quarto de empregada. A novidade que espanta os lusitanos já foi vista há alguns anos em Miami, quando a cidade americana virou o principal destino dos brazucas que “fugiam” do Brasil por causa dos muitos equívocos da velha administração.

PEDRA ANGULAR

Embaixadores da ativa e aposentados consideraram o discurso do ministro Ernesto Araújo na formatura de novos diplomatas, sexta-feira, o número 1 da “puxassaquisse” na história do Itamaraty. O chanceler chorou ao falar da sua família. Mas sorriu satisfeito ao afirmar que Bolsonaro é o presidente que mais valorizou o papel da diplomacia nas últimas três décadas. Segundo Araújo, o presidente é “a pedra angular” do novo Brasil.

PRECEDENTES HISTÓRICOS

O sociólogo italiano Domenico de Masi comparou em palestra os conceitos que moveram os coronéis que tomaram o poder pela força na Grécia em 1967 com aqueles pregados hoje no Brasil. Em nome dos bons costumes e da família, os coronéis proibiram cabelos compridos e minissaias. Tiraram das livrarias Sófocles, Tolstói, Eurípides, Mark Twain. Também proibiram Beatles, Ionesco e Sartre. Baniram a associação sindical e passaram a censurar jornais. Por fim, não permitiram mais que se dissesse que Sócrates era homossexual e baniram a Filosofia e a Sociologia das faculdades.

DESEMPREGO NO RIO

Bares e restaurantes do Rio fecharam 50 mil vagas nos últimos três anos. Foi um recorde. No mesmo período, as demais capitais brasileiras abriram cem mil novos postos de trabalho. A crise mora aqui.

PIOR ENTRE OS JOVENS

O setor de bares e restaurantes é o que mais contrata pessoas de 18 a 23 anos, jovens que estão começando a entrar no mercado de trabalho. No Rio, pode-se facilmente imaginar onde vão parar muitos desses garotos que não conseguem emprego e ficam no desalento.

ALIÁS

Por falar nisso, o emprego não iria bombar no país depois de aprovada a reforma trabalhista?

HERMANOS

O encarregado de negócios da Argentina na Venezuela, ministro Eduardo Porretti, estava de férias no Rio quando Juan Guaidó subiu num caixote e disse que estava tomando o poder de Nicolás Maduro com o apoio das Forças Armadas. Era um traque. Mas Porretti não sabia e foi obrigado a interromper as férias e chispar para Caracas. Havia quatro anos que o argentino não folgava, e ainda teve que viajar resfriado.

A VENEZUELA É AQUI

A leitora Lucia Fernandes mandou carta para O GLOBO reclamando que as já reduzidas lâmpadas nos postes da Lagoa Rodrigo de Freitas queimam e não são trocadas na regularidade necessária. Ela diz que a Lagoa encontra-se nas trevas. Você acha que é exagero? Então como explicar que em alguns pontos da cidade o apagão que ocorreu em razão dos ventos de domingo à noite tenha durado até quarta, quinta-feira? Respostas com a Rio Luz, no telefone 1746. Ou com a Light, no 0800-284-0182 e pelo e-mail ouvidoria@light.com.br.

Por Ascânio Seleme (O Globo)

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