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Senado contrata curso de comunicação digital e paga R$ 3,8 mil a hora-aula

Sócios da empresa contratada chegaram a ter crachás do Senado fornecidos pelo gabinete do presidente da Casa, Davi Alcolumbre

Senado contratou um curso de “Comunicação Digital” por R$ 3.797,46 a hora-aula. A empresa contratada, sem licitação, é a Vitorino & Mendonça, pertencente aos publicitários Marcelo Vitorino e Natália Mendonça. O contrato, assinado pela diretora-geral da Casa, Ilana Trombka, em 16/12/2020, com vigência até 15/12/2021, tem um valor global de R$ 150 mil por 39,5 horas-aulas.

Vitorino foi responsável pela campanha de Marcelo Crivella que culminou em sua vitória para Prefeitura do Rio de Janeiro, em 2016. Também trabalhou 4 meses na campanha à Presidência da República de Geraldo Alckmin (PSDB-SP), em 2018, até ser substituído pelo publicitário Alexandre Inagaki.

Em julho de 2019, ele trocou a comunicação do pastor da Universal pela perspectiva de trabalhar para o atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Embora não apareçam no quadro de funcionários do Senado, os dois publicitários chegaram a ter, em 2017, credenciais do Senado fornecidas pelo gabinete de Alcolumbre.

O contrato do curso foi assinado em 16 de dezembro de 2020 e tem vigência de um ano.

De acordo com o Senado, ainda não houve aulas ou palestras ministradas, apesar de um dos termos que trata do regime de execução prever que a empresa executaria os serviços com inicio em até 30 dias contados a partir da assinatura, ou seja, as aulas teriam que começar no dia 16 de janeiro deste ano.

O serviço contratado prevê quatro módulos: 1. Palestra para até 168 participantes, incluindo 2 (dois) encontros para tirar dúvidas sobre a palestra para até 85 pessoas em cada encontro; 2. Curso expositivo para turmas de até 60 participantes sobre o tema: Webwriting (redação para o ambiente digital); 3. Turmas de curso prático para até 30 participantes por turma; 4. Turma para diagnóstico e curso sobre E-gov para até 40 pessoas.

Pelos termos do contrato, as datas para realização dos treinamentos deverão ser definidas pelo Senado e apresentadas à empresa com pelo menos duas alternativas para comum acordo de agendamento com pelo menos 20 dias de antecedência.

Ao Site Metrópoles, o publicitário negou ter sido coordenador das redes sociais de Alcolumbre, como chegou a ser noticiado em 2017.

“Em 2017, eu fui contratado para trabalhar para o senador Davi Alcolumbre. A gente conversou bastante, mas a coisa não andou. Eu passei algumas semanas nessa de começa, não começa. Não andou, e eu desisti. Eles chegaram até a fazer, na época, uma crachá para facilitar minha entrada, mas eu nunca, de fato, trabalhei para ele. Me estranha essa questão agora. Sempre tem alguém que acha que tem a ver (a contratação de sua empresa com o seu conhecimento prévio com Alcolumbre)”, disse o publicitário.

Vitorino disse ainda que há mais de um ano não se encontra ou conversa com o presidente do Senado, que deixará o cargo daqui a uma semana, após as eleições para o novo presidente da Casa. “A última vez que encontrei o Davi foi no início do ano passado, talvez. Não procede que eu já trabalhei com o Davi, nem que eu estou trabalhando com Davi”, disse. “Até porque basta pegar o meu CNPJ e dar uma olhada na prestação de contas de qualquer parlamentar”, argumentou.

Por Luciana Lima (Metrópoles)

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