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77 anos: história, saudades e alegrias da Rádio Timbira

Há setenta e sete anos uma das mais importantes rádios da história do Maranhão entrava no ar para interligar o estado pelas ondas do rádio. A trajetória dessa emissora foi marcada por altos e baixos, mas sua contribuição para o desenvolvimento da comunicação do estado foi fundamental.

A história do rádio maranhense quase não tem registro. Poucos livros e alguns trabalhos acadêmicos foram dedicados a esse tema. O Portal G7ma faz, nesta publicação, uma homenagem à Rádio Timbira AM 1290 e contribui para o registro da história do rádio no Maranhão.

Há controvérsias sobre o início da história do rádio no Maranhão. Mas segundo uma pesquisa realizada pelo radialista Glaydson Botelho Rêgo, o primeiro veículo radiofônico legal a irradiar um sinal no estado foi a Rádio Sociedade Maranhense em 1924. A emissora foi fundada por Joaquim Moreira Alves dos Santos, o Nhozinho Santos e Francisco Aguiar.

No mesmo ano, J. Travassos fundou a Rádio Clube do Maranhão em caráter experimental. A rádio fechou por falta de recursos e nem teve o nome registrado legalizado.  A Rádio Sociedade também chegou ao fim por não existir publicidade no rádio naquela época.

O Maranhão só passou a ter um projeto de rádio novamente em 1940, durante a presidência de Getúlio Vargas. A Rádio Timbira foi primeiramente chamada de Difusora do Estado do Maranhão.  A emissora foi fundada interventor Federal no Estado, Paulo Martins de Sousa Ramos.

Segundo o livro Luz! Mais Luz! Caminhos e Memórias: Rádio e TV Maranhenses, escrito pelo radialista maranhense Carlos Alberto Lima Coelho, a então Difusora do Maranhão entrou oficialmente no ar às 21h do dia 15 de agosto de 1941 com o pronunciamento do interventor Paulo Ramos, que foi ouvido em mais de 60 municípios do Estado. A rádio começou na frequência 940 KHz, faixa de Amplitude Modulada (AM).

O rumo da História da rádio oficial do estado mudaria a partir de 1943, após um fato político que viria a acontecer no Maranhão. Assis Chateaubriand, um dos homens públicos mais influentes do Brasil e dono Proprietário dos Diários Associados, chegou e São Luís e comprou os jornais O Globo e O Imparcial. Como tinha interesse político no estado, ele também arrendou única rádio que existia no estado.

A Rádio Difusora do Estado do Maranhão passou a ser chamada de Rádio Timbira do Maranhão, porque todas as estações de rádio dos Diários Associados usavam nomes de tribos indígenas: “Tupi”, “Tamio”, “Borborema”, “Baré”, “Potiguar”, “Tabajara”, “Tamandaré”, etc.

Quatro anos após a inauguração da Timbira, os rádios receptores já eram um dos objetos mais comprados pelos maranhenses para sintonizar a frequência 940 quilohertz (KHz), que logo passaria a operar na frequência 1290 KHz.

Com um estilo diferente das demais do país, a Rádio Timbira levava para todo estado do Maranhão, informações, música, entretenimento e lazer, sendo fundamental na vida da população do interior da capital.

O contrato com os Diários Associados foi rompido quando o presidente do Tribunal de Justiça, Eliazar Soares Campos, assumiu interinamente o Governo do Maranhão cinco anos após o arrendamento. Com isso, a Rádio Timbira voltou a ser patrimônio do Estado.

A grande arrancada da Timbira foi no governo Sebastião Archer da Silva, entre 1947 e 1951, com a aquisição de um transmissor Philips, de 2,5 quilowatts, que operava nas ondas a tropical e curta, fazendo a voz do Maranhão ecoar no espaço indo a vários países.

O sucesso foi imediato e a emissora teve que dividir as ondas, com transmissão local na onda tropical e uma programação internacional na onda curta. Esse período ficou conhecido com a época de “Ouro” da Rádio Timbira, que durou até meados de 1954, segundo o livro Memórias de um Parafuso, escrito pelo radialista Ribamar Ribeiro, o Parafuso.

A Rádio Timbira AM viveu sua primeira fase conturbada a partir do final de 1954. Raimundo Bacelar, que era diretor da emissora do estado, por divergências com o governo do Maranhão e com pretensões políticas, fundou a Rádio Difusora AM em 1955 e contratou toda equipe de profissionais da emissora estatal.

Na década de sessenta, durante o governo de Newton Bello, a Timbira se reergueu com aquisição de novos equipamentos e a implantação programação esportiva para desbancar a Difusora AM, que na época dominava o rádio no estado.

A partir de então as crises políticas começaram a fazer parte da emissora que ficou no ar e fora do ar por diversas vezes, fazendo com que a primeira grande emissora do Maranhão caísse no esquecimento.

O Rádio AM Maranhense como um todo sofreu o impacto da popularização da televisão e das rádios FM’s no estado. Lima Coelho, o “tempo de ouro” do rádio no Maranhão foi ameaçado e quase entrou em extinção.

O meio de comunicação conseguiu se adaptar as mudanças proporcionadas pelas TV’s e FM’s. Mas a situação política dos governos maranhenses ainda continuou sendo o principal empecilho da Rádio Timbira, fazendo com que a história da emissora fosse feita em meio a tempos altos e baixos.

Nos dias atuais, a estatal vive mais um momento de ascensão. Os investimentos na rádio começaram a ser feitos há três anos, permitindo com que a emissora voltasse a ser ouvida em grande parte do Maranhão. Segundo o site Rádios.com, a Timbira é a terceira emissora AM mais ouvida no estado, o que mostra que a rádio renasceu.

A história da emissora tem mais uma barreira pela frente, a migração da AM’s para FM’s proposta pelo Ministério das Comunicações. A ideia é melhorar a qualidade de som, mas as emissoras vão perder em alcance.

Pouco a pouco, as rádios AM como Timbira vão sumir e talvez o crescimento do rádio digital possa continuar essa história. O futuro é incerto, mas quem tem história nunca morre. Parabéns Rádio Timbira AM 1290.  Feliz aniversário!

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