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Advogado de Bolsonaro recebeu R$ 9 milhões da JBS

Augusto Aras intermediou encontro do advogado com procuradores da Lava Jato para tratar da delação do frigorífico de Joesley e Wesley Batista

Frederick Wassef, advogado do presidente Jair Bolsonaro, recebeu 9 milhões de reais da empresa JBS, o frigorífico dos irmãos Joesley e Wesley Batista — cujo acordo de delação premiada é questionado pela Procuradoria-Geral da República no Supremo Tribunal Federal (STF).

Os registros dos pagamentos constam de documentos obtidos pelos promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro que investigam a relação de Wassef com Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro e amigo do presidente da República.

As informações chegaram para os promotores na esteira da mesma investigação que levou ao paradeiro de Queiroz – o ex-assessor de Flávio Bolsonaro estava escondido em uma casa de Wassef em Atibaia, no interior de São Paulo.

Ouvidos sob reserva por Crusoé, até mesmo advogados que atuam formalmente em processos da JBS asseguram que nunca tiveram conhecimento de serviços prestados por Wassef à companhia ou a outras empresas do grupo…

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O repórter Luís Vassallo também revelou que, sem procuração, o advogado Wassef visitou a Procuradoria-Geral da República no fim do ano passado para tratar de assuntos de interesse da JBS.

Leia um trecho da reportagem:

…a visita, informal, foi intermediada pelo gabinete do próprio PGR, Augusto Aras, com quem Wassef havia se reunido tempos antes…

Frederick Wassef queria falar sobre temas da JBS com procuradores do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR. Coube ao gabinete de Aras encaminhá-lo para uma audiência com o procurador Adonis Callou de Araújo Sá, então coordenador da equipe, que toca os inquéritos e processos relacionados à operação na Procuradoria-Geral.

Adonis Callou recebeu o advogado na companhia de uma colega procuradora, Maria Clara Noleto, que também integrava o grupo de trabalho da Lava Jato na PGR. Wassef de pronto disse que gostaria de conversar sobre a repactuação do acordo de delação premiada da JBS. Àquela altura, a companhia tentava convencer a PGR a desistir de pedir, junto ao Supremo Tribunal Federal, a rescisão do acordo, firmado ainda na gestão de Rodrigo Janot. Esse é um assunto bastante caro para os irmãos Joesley e Wesley Batista. A rescisão, que deve ser julgada em breve pela corte, pode representar a volta deles para a cadeia….

O episódio é revestido de uma dose relevante de gravidade: na prática, Wassef, autodeclarado advogado de Jair Bolsonaro, estava operando nos bastidores da PGR em favor da JBS com o aval do gabinete de Augusto Aras, escolhido para o cargo pelo presidente da República…

As reportagens exclusivas indagaram todos os envolvidos no caso para tentar esclarecer a razão dos pagamentos e a atuação do PGR.

 

O advogado, a JBS e também a Procuradoria-Geral da República — uma vez que o MP questiona no STF a legitimidade do acordo de delação premiada do frigorífico dos irmãos Batista.

 

Wassef é um antigo conhecido dos leitores de Crusoé, que revelou por que o advogado pode complicar a situação do presidente Jair Bolsonaro:

Os repórteres da Crusoé vão continuar seguindo as pistas dessa história. Em seu benefício.

Por  Luís Vassallo, Rodrigo Rangel e Fábio Leite (O Antagonista)

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