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Após pressão, Weintraub anuncia saída do Ministério da Educação

Situação era considerada insustentável por desgaste com STF; ministro afirmou que irá assumir cargo no Banco Mundial

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou nesta quinta-feira que está deixando o cargo. O anúncio, que já era esperado há alguns dias devido ao desgaste do ministro com o Supremo Tribunal Federal (STF), foi feito em um vídeo publicado em redes sociais, em que Weintraub aparece ao lado do presidente Jair Bolsonaro. O ministro afirmou que não irá comentar as causas da saída e disse que irá assumir um cargo no Banco Mundial. É a 12ª troca no ministério de Bolsonaro.

— Sim, dessa vez é verdade. Eu estou saindo do MEC. Vou começar a transição agora. Nos próximos dias passo o bastão ao ministro que vai ficar no meu lugar, interino ou definitivo. Neste momento, eu não quero discutir os motivos da minha saída. Não cabe. O importante é dizer que eu recebi o convite para ser o diretor de um banco. Eu já fui diretor de um banco no passado. Volto ao mesmo cargo, porém no Banco Mundial — disse Weintraub.

O ministro afirmou que foi uma “honra” participar do governo e que irá “continuar lutando pela liberdade”:

— Agradeço a honra que foi participar do seu governo, e desejo toda a sorte e sucesso nesse desafio gigante que é salvar o Brasil. Vou continuar lutando pela liberdade, só que vou continuar de outra forma.

No vídeo, gravado no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirma que seus “compromissos de campanha continuam em pé”. Diversos apoiadores vinham pressionando o presidente a manter Weintraub no cargo.

— É um momento difícil. Todos os meus compromissos de campanha continuam em pé. E busco implementar da melhor maneira possível. A confiança você não compra, você adquire. Todos que estão nos ouvindo agora são maiores de idade e sabem o que o Brasil está passando. E o momento é de confiança. Jamais deixaremos de lutar pela liberdade. Eu faço o que povo quiser.

Defesa de prisão de ministros do STF

Auxiliares presidenciais já vinham defendendo a saída de Weintraub desde a divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, em que ele defendeu a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e os chamou de vagabundos.

A situação ficou insustentável no último domingo, quando Weintraub se encontrou com manifestantes favoráveis ao governo na Esplanada dos Ministérios, que estava fechada por determinação do governo do Distrito Federal. Na ocasião, sem máscara, afirmou que já havia dito anteriormente “o que faria com esses vagabundos”, ao responder a um ativista que reclamou que pagava impostos para os “corruptos roubarem”.

No dia seguinte, após se reuniur com Weintraub, Bolsonaro afirmou que não ele não foi “prudente” ao ir ao protesto e disse que estava tentando “solucionar” o caso.

Após a demissão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse esperar que o próximo ministro da pasta seja “de fato comprometido com a Educação”, e criticou a última medida tomada Weintraub no cargo, de extinguir cotas para negros e indígenas na pós-graduação.

Weintraub assumiu o cargo em abril de 2019, depois da demissão de Ricardo Vélez Rodriguez. Antes de ser nomeado ministro, ele ocupava o posto de secretário-executivo da Casa Civil, ministério que à época era comandado por Onyx Lorenzoni.

Por André de Souza, Daniel Gullino e Paula Ferreira (O GLOBO)

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