Bolsonaro humilha Levy: os motivos e as consequências
O presidente da República mostrou incapacidade para lidar com problemas e solta sua arrogância
A refrega de ontem entre Rodrigo Maia e Paulo Guedes teve muito de teatro por parte do presidente da Câmara — Maia precisava dar uma resposta para acamar a “corporação parlamentar”. Foi muito barulho por quase nada.
Já o que Jair Bolsonaro acaba de fazer com Joaquim Levy terá que ter consequências. Não se imagina que o presidente da República humilhe um subordinado — mais ainda o presidente do BNDES — e fique tudo por isso mesmo. Bolsonaro chegou a acusar Levy de falta de lealdade.
Levy tem dois problemas. Com Bolsonaro é a tal caixa-preta do BNDES.
Bolsonaro prometeu que na primeira semana de seu governo ela seria aberta, mostrando supostas fraudes em empréstimos concedidos na era petista. Caixa-preta alguma foi aberta. E, no BNDES, há uma unanimidade sobre o tema: não tem nada para aparecer. Bolsonaro nunca se confomou.
O segundo problema de Levy é com Paulo Guedes.
O ministro tem tido rusgas com Levy por causa da devolução de recursos do BNDES ao Tesouro. Guedes não abre mão de R$ 130 bilhões. Queria que até agosto tudo tivesse já no caixa do Tesouro. Levy promete entregar em dezembro, mas não há certeza se vai mesmo conseguir.
No entorno de Paulo Guedes já se fala abertamente há algumas semanas que Salim Mattar, secretário que cuida da privatização, e Solange Vieira, presidente da Susep e fuincionária de carreira do BNDES, seriam as cartas na manga do ministro para a sucessão de Levy.
Por Lauro Jardim (O Globo)