Eleições 2018 ou safra de laranjas?
A eleição que pregou a honestidade, respeito à família e colocou Deus acima de tudo, bateu recorde de laranjas
Para quem fez arminha e achou que tudo iria mudar com as mesmas peças da política nacional, agora está descobrindo que tudo não passou de uma peça teatral onde os eleitores foram os principais figurantes. Para quem bateu no peito e falou de honestidade abraçado com corruptos, resta explicar os motivos que levaram o Brasil a sair de um plantio de sonhos para cultivar tantas laranjas em menos de cinco meses, período propício para colheita da fruta. No Brasil já se viu de tudo, gente que com apenas 6 números no bilhete acertou na mega sena 10 vezes, motorista que movimentou milhões mesmo tendo um salário baixo, pessoas que não sabem a diferença entre um anzol e um remo, mas estavam cadastradas como pescadores, vigia que compra ônibus por R$ 200 mil reais mesmo recebendo salário mínimo, juiz que assina habeas corpus às 3h da manhã, mas agora surge outra modalidade, plantação de honestidade com colheitas de laranjas.
Uma reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo, levou ao ar, nesta sexta-feira (15), o caso de Marisa Rosas, candidata da deputada estadual no Maranhão em outubro do ano passado pelo Partido Republicano Brasileiro (PRB), que tem como mandatário o deputado federal Cléber Verde.
Segundo a reportagem, a candidata usou dinheiro público para confeccionar mais santinhos de campanha do que a população do estado inteiro. Gastou mais de R$ 600 mil e teve apenas 161 votos. Também mandou fazer 1,25 mil bottons. Mesma tática usada por uma candidata de Pernambuco, filiada ao Partido Socialista Liberal (PSL) que tem como membro ilustre, o presidente da República, Jair Bolsonaro.
O estado do Maranhão tem 7 milhões de habitantes, mas em São José de Ribamar, na região metropolitana da Grande Ilha de São Luís, a candidata mandou fazer 9 milhões de santinhos. Quase 50 vezes a população ribamarense.
Indagada pela reportagem do Jornal Nacional se não teria contratado muito material para pouca gente, ela respondeu: “Pode se dizer que sim, se você está mensurando a quantidade do Maranhão, pode até se dizer. Mas, na hora, a gente não trabalha somando bottons, a mesma coisa do santinho”, disse a candidata republicana.
Ainda segundo o Jornal Nacional, três gráficas receberam apenas de Marisa Rosas R$ 540 mil. Uma das gráficas fica em Tuntum, e recebeu dela R$ 460 mil. Pertence a um filiado do PRB e fez também material gráfico para a campanha de Cléber Verde.
Procurada para se posicionar sobre a descoberta, a direção nacional do PRB disse ao JN que determinou que os candidatos do partido deveriam assinar um termo demonstrando os gastos de campanha e se isentou de qualquer possibilidade de má gestão do dinheiro de campanha.
Já o deputado Cléber Verde garantiu que os recursos foram usados única e exclusivamente nas campanhas das candidatas. Ele alegou que a gráfica foi escolhida pela qualidade e que a candidata mostrada na reportagem é militante do partido.
O Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA), também procurado a se manifestar, disse que as contas de Marisa Rosas estão sendo analisadas.
Cléber Verde é o comandante do Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma) no governo de Flávio Dino (PCdoB), tendo indicado para o posto o ex-prefeito de Paulino Neves, Raimundo de Oliveira Filho, mais conhecido como Raimundo Lídio.