Emendas de Josimar Maranhãozinho foram negociadas com Bolsonaro em troca de apoio
Na época, o Jornal Estado de São Paulo destacou o volume de emendas para Josimar, que justificou a façanha, classificando de sorte

Para ter apoio de deputados do Partido Liberal, assim como das demais legendas do famoso Centrão, o presidente Jair Bolsonaro fez negociatas com os parlamentares dos partidos e liberou uma carrada de emendas parlamentares para a saúde. Em tempos de pandemia do novo coronavírus, Josimar Maranhãozinho aparece como o sortudo da Câmara Federal e abocanhou a maior quantidade.
Em plena pandemia, período em que o presidente Jair Bolsonaro só falava em cortes de verbas e redução de gastos, tudo desculpas para diminuir o valor do Auxílio Emergencial, o Rei do Palácio do Planalto bateu recorde de liberação de emendas parlamentares, um reflexo de sua inclinação para agradar aos partidos do chamado Centrão durante a crise política que o país vive.
De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, em abril de 2020, período grave da pandemia da Covid-19, Bolsonaro liberou R$ 6,2 bilhões que foram empenhados (quando a gestão se compromete com a despesa). Este foi o maior valor para um único mês desde 2016, e o mais foi beneficiado, com R$ 15,9 milhões, foi justamente o deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL-MA), homem da confiança de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do Partido Liberal.
Após a imprensa nacional publicar a quantidade de emendas recebidas por Maranhãozinho, ele tentou justificar, afirmando que seu nome lidera a lista por uma “questão de sorte”, por sua agenda ter sido focada na saúde, que ganhou prioridade durante a pandemia do coronavírus. Só que a Polícia Federal descobriu outras prioridades, atos que podem levar o Moral da BR para a cadeia, já que as imagem mostrando o momento da divisão, já estão em poder da justiça.
“Isso foi uma questão de sorte, porque eu aloquei as minhas emendas individuais todas na saúde. E, como teve a pandemia, o governo Bolsonaro priorizou essa área”, disse o deputado Josimar, ao site O Antagonista.
“O governo federal não contemplou o deputado Josimar, contemplou o deputado Josimar porque estava tudo [as indicação das emendas do deputado] na saúde”, acrescentou o agora investigado pela Polícia Federal.
Entenda o valor pago por Bolsonaro a Josimar.
O montante efetivamente pago em emendas foi o maior para um único mês ao longo dos últimos anos, R$ 4 bilhões. As emendas são indicações feitas por deputados e senadores de como o governo deve gastar o dinheiro do Orçamento. Os parlamentares costumam direcionar as verbas para seus redutos eleitorais e, com isso, ganham a paternidade de obras e ações que beneficiam diretamente seus eleitores, o que acaba contribuindo com suas reeleições. O dinheiro vai para construções de praças, pontes, hospitais, compra de equipamentos hospitalares, distribuição de cestas básicas, entre outras ações. Só que Josimar Maranhãozinho fez tudo diferente, segundo a Polícia Federal, inclusive cometendo crimes graves.
Os dados são do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) e foram compilados a pedido do jornal O Estadão pela ONG Contas Abertas.
O levantamento considera todos os tipos de emendas: individuais, de bancada, de comissões e do relator. “É recorde absoluto, de empenho e de pagamentos. Até então, o maior empenho tinha ocorrido no final do ano 2019. Em dezembro, foram R$ 3,9 bilhões”, afirmou o secretário-geral da ONG Contas Abertas, o economista Gil Castello Branco.
Bolsonaro repassou esse montante de dinheiro para o Centrão, sabendo que tudo poderia ser desviado, já que esses partidos já têm históricos não muito republicanos, de gestão anteriores. O próprio Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018 havia condenado o Centrão, como um grupo de partidos de corrupção, mas agora está comendo na mesma cuia, simplesmente para ter apoio daqueles que o próprio presidente classificou de corruptos.