COLUNA JF

Energias, Sinergias e Belezas Providas pela Natureza

Artigo escrito pelo Maranhense de Paricatiua. Professor Titular na Universidade Federal do Ceará

O ser humano sempre teve a presunção de que pode depredar qualquer recurso natural na perspectiva de que os avanços científicos que criou serão capazes de repor o que foi degradado por ele. Ledo engano! Basta ter sensibilidade, nem precisa ser observador tão arguto, para constatar a grandeza de tudo que nos cerca. Termos a humildade de reconhecer que nada foi, nem poderia ter sido, criado por nós.

Os rios, por exemplo, brotam de uma pequena nascente. Encorpam, recebendo águas das chuvas, incorporando córregos, riachos e rios menores. Tornam-se caudalosos. Saem serpenteando obstáculos, descem na direção do mais próximo vestígio de mar que eles, os rios, “sabem” da existência à jusante do seu percurso.

Uma intrigante “lei de atração” exercida pelos oceanos sobre os rios. Nessa trajetória liberam aromas, produzem cores, formas, sons… Tudo incrivelmente extasiante. Nas suas margens, se não depredarmos ou depositarmos poluentes, pulsam intensamente vidas vegetais e animais que, com o curso do rio, formam um conjunto harmonioso, transmitindo esfuziante beleza e uma extasiante sensação de paz.

Muitas vezes os rios precisam muito mais do que serpentear obstáculos. Necessitam saltar de alturas para que o seu percurso não seja interrompido. Nessas ocasiões formam belas quedas d’águas como as cachoeiras. O sol, a nossa matriz vital e de energia, ressurge a cada dia. Proporciona luz e calor à medida que a terra gira em seu entorno e o tempo avança, atingindo o ápice ao meio dia. Seguindo essa trajetória, o sol retoma o seu caminho de volta para o Oriente, aonde nos parece ter nascido. E retornará no dia seguinte. Sempre foi assim!

As águas dos oceanos evaporam sob a ação do calor provido pelo Sol. Transformam-se em nuvens que, em parceria com a transpiração dos vegetais e devido à ação de correntes de ar existentes na atmosfera, provocarão as chuvas. Essas encorparão os rios, que desaguarão nos oceanos, numa reciclagem que pode ser reduzida, e até interrompida, caso eliminemos as florestas.

O amanhecer é um dos mais belos espetáculos a ser contemplado. Com o porvir de um novo dia, exercitamos a experiência do renascer, de que a vida está seguindo e que continuamos a fazer parte dessa lúdica viagem. Momentos de encantamentos em que as sinalizações de que a vida segue a sua dinâmica começam a ser percebidas através das sinfonias produzidas pelo canto dos pássaros.

Os animais predadores “sabem” que começou um novo dia de luta pela vida. Reinventam as suas habilidades de “caçadores”. Aqueles que “sabem” da sua condição de presas aperfeiçoam camuflagens, para “diminuir a probabilidade” de se transformarem nas próximas “caças”.

Vegetais e animais fazem uma espécie de pacto. Aqueles fornecem cores, formas, aromas e sabores para os atraírem. Estes se deliciam e, “cooptados”, retribuem ajudando na sua multiplicação. Pode existir cumplicidade mais perfeita?

As flores são verdadeiras obras de arte. Esculturas delicadas e belas. A complexa e frágil estrutura exibida externamente por elas é apenas a manifestação de um conjunto de estratégias que os vegetais utilizam para se perpetuarem. Há profusão de aromas, formas e cores esculpidos em flores como: Amapolas, Antúrios, Bromélias, Crisântemos, Dálias, Gérberas, Helicônias, Hibiscos, Hortênsias, Lírios, Margaridas, Orquídeas, Rosas, Tulipas… Mas há flores “anônimas” que nascem “espontaneamente” nas sarjetas, em calçadas, nas margens das estradas… Oferecem-nos graciosamente a sua beleza. Contudo, não as notamos. Muitas vezes as destruímos. Indefesas, recebendo esse tratamento como recompensa à sua generosidade, elas devem “comentar entre si”: “São seres humanos, racionais e inteligentes, vamos perdoá-los!”

A natureza é fonte de tudo de bom e belo que podemos usufruir como inquilinos privilegiados, mas efêmeros, deste belo Planeta Azul. Quando será que compreenderemos isso e passaremos a respeitá-la?

Por José Lemos

  • Artigo que ele concorreu e ganhou em agosto de 2018 prêmio Literário de Crônicas realizado na Universidade Federal do Ceará para Professores e Funcionários.
  • Maranhense de Paricatiua. Professor Titular na Universidade Federal do Ceará. (José Lemos)
  • Pseudônimo que eu utilizei naquele concurso porque o nome não poderia aparecer no texto, para que a comissão avaliadora avaliasse os trabalhos sem saber quem eram os verdadeiros autores. (Ave de Arribação)
Mostre mais

Artigos Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo