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Enfermeira bolsonarista que tomou vacina para “viajar” será investigada pelo MP-ES

Gracinha de Nathana Ceschim vai sair caro. Ela corre o risco de perder o registro profissional

A enfermeira bolsonarista Nathana Ceschim, que debochou da vacina contra a Covid-19 e também postou vídeo sem usar máscara no local de trabalho, vai ter o seu caso acompanhado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES).

A promotora Inês Thomé avisou que o MP/ES vai instaurar procedimento administrativo para acompanhar tanto o que está sendo feito no âmbito do hospital onde a enfermeira trabalha quanto o que o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-ES) está apurando sobre o caso.

“O Ministério Público repudia qualquer ato neste sentido, mesmo porque nós estamos em meio a uma pandemia e a vacina é uma vitória da ciência. Nós precisamos nos imunizar para que a gente possa não só resguardar a nossa vida como a vida de todas as pessoas que circulam no meio de nós”, disse a promotora.

Relembre o caso

Nathanna Faria Ceschi afirmou que só tomou a vacina CoronaVac porque “precisava viajar”. Nathanna publicou um vídeo nas redes sociais, após ter sido vacinada, debochando da eficácia do imunizante.

Após postar outro vídeo em que aparece trabalhando no hospital sem o uso da máscara, ela foi denunciada junto ao Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo.

A profissional, que atua com pacientes infectados por coronavírus, recebeu a vacina na última terça-feira (19) e postou o vídeo nesta sexta (22). “Tomei por conta que quero viajar, e não para me sentir mais segura. Uma vacina que dá 50% de segurança para mim não é uma vacina. Tomei foi água”, diz Nathanna.

Ela se referia ao índice de eficácia da CoronaVac. Na verdade, o imunizante possui 50,38% de eficácia geral, para todos os casos. Além disso, a vacina tem 77,96% de eficácia contra manifestação de sintomas e 100% contra casos graves da doença, segundo o Instituto Butantan.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que lamenta o posicionamento de qualquer profissional da saúde que desacredite da ciência em prol da vida.

O Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitoria afirmou em nota que “em hipótese alguma compactua com este tipo de pensamento e que em toda a sua história sempre defendeu e esteve ao lado da ciência, e não seria agora que mudaria sua postura, em um momento tão difícil”.

“Acreditamos na vacina e esperamos que, em breve, não só os funcionários, mas toda a sociedade possa ser imunizada”, continua.

Ao comentar o vídeo que a enfermeira gravou sem máscara no hospital, a Santa Casa afirma que se trata de prática proibida e que isso é de conhecimento de todos os funcionários desde o início da pandemia.

“O hospital abriu uma investigação para apurar a conduta da funcionária e irá tomar as medidas que forem necessárias para garantir a segurança de seus pacientes e a manutenção das normas e condutas fundamentais para o bom atendimento assistencial.”

O Conselho Regional de Enfermagem também se manifestou por nota. O Coren repudia a conduta da enfermeira e informa que já determinou abertura de procedimento ético para apurar o caso. “É inaceitável que, após onze meses de enfrentamento à pandemia e em defesa da vida, um profissional de Enfermagem se posicione nas redes sociais de forma irresponsável e inconsequente, comprometendo a ciência, a saúde e a vida das pessoas”. A entidade informa que a apuração, com amplo direito de defesa, será com base no Código de Ética da Enfermagem. As penalidades previstas vão de advertência à cassação do registro profissional.

Por Julinho Bittencourt (Revista Fórum)

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