“Existe desigualdade social na vacinação contra a Covid em São Luís”, destaca Defensora Pública
Só na área nobre de São Luís existem três Centros de Vacinação em uma circunferência de aproximadamente 3 KM

Um artigo da defensora pública Clarice Binda diz que há desigualdade entre ricos e pobres na vacinação contra a Covid-19 em São Luís. A Prefeitura da capital maranhense nega e diz que a campanha de vacinação tem sido realizada com êxito e sem distinções. Só que na área nobre existem três Centros de Vacinação em uma circunferência de 3 KM e na área periférica a situação é bem diferente, um exemplo é na área Itaqui Bacanga, que possui apenas um Centro de Vacinação para um público de quase 200 mil habitantes. É como se Imperatriz tivesse apenas um ponto de vacinação para sua população inteira.
Segundo Clarice, dados do Sistema de Informações do Plano Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde, do dia 10 de junho, apontam que a taxa de vacinação dos moradores da Cidade Olímpica, por exemplo, é de menos de 15%. Já em bairros da zona ‘nobre’, como Ponta do Farol e Calhau, a taxa é superior a 70%. Justamente onde estão localizados os Centros de Vacinação da UNDB, Ceuma e Sebrae.
A Defensoria Pública Estadual pede que os pontos de vacinação sejam mais descentralizados. Na Cidade Olímpica, por exemplo, há moradores alegando que não têm condições de conseguir se vacinar. Muitos sequer conseguem dinheiro para pagar a passagem do transporte coletivo. Muitos ludovicenses quando conseguem o dinheiro da passagem são barrados na porta do Centro de Vacinação.
“A gente sente na pele o que um morador sente. Muitos me procuraram até mesmo para pedir uma passagem para chegar até o local de vacinação. Se eu tenho um carro, para mim é muito mais fácil. Mas para eu que não tenho, ou eu vou caminhando, ou outros vão de bicicleta”, afirmou Kênia Delene, presidente da União de Moradores da Cidade Olímpica.
Para a defensora pública Clarice Binda, a descentralização dos pontos de vacinação pode ser a ponte para diminuir essa diferença.
“A questão é que mesmo com essas poucas salas de vacinação disponíveis, por conta da escassez de vacina, é necessário que essas poucas salas sejam colocadas em regiões estratégicas para justamente abranger o maior número de pessoas, toda a população de São Luís, e não só bairros específicos”, diz a defensora.
Em entrevista ao JM2, o secretário de Saúde de São Luís, Joel Nunes, rebateu os números apontados pela defensora, e disse que a campanha de vacinação na capital não faz distinções de classe social.
“A nossa campanha de vacinação é muito grande. Tem uma capacidade instalada de vacinar aproximadamente 20 mil pessoas por dia. É quase a população de muitas cidades do interior. Nós temos 9 pontos de vacinação espalhados e que contemplam os distritos sanitários de São Luís. Nós temos pontos na Cidade Operária que vacinam 4 mil pessoas por dia, no Itaqui-Bacanga, outras 4 mil pessoas por dia; na BR. Em toda a espinha dorsal da capital maranhense nós temos pontos de vacinação. Dessa forma, a gente consegue levar a vacinação a todos os ludovicenses sem nenhuma distinção. Nós já fomos na população ribeirinha, na população acamada, que foram mais de 3 mil vacinações, nós já fomos na população de rua, na população que faz tratamento de hemodiálise. São esses números que mostram que realmente São Luís não faz nenhuma distinção da vacinação”, declarou o secretário.
Até o momento, já foram aplicadas mais de 577 mil doses da vacina contra a Covid-19 em toda a São Luís, incluindo a zona rural. Para a infectologista Maria dos Remédios, a vacina precisa chegar logo e a todos, especialmente os mais pobres.
“As pessoas que moram em periferias, que estão mais sujeitas a aglomerações, que andam em transporte público, elas deveriam ter mais pressa em se vacinar, deveriam até ser as pessoas a serem primeiro vacinadas. Então essas pessoas precisam ir se vacinar, mas ainda que você vá em um local que tenha fila, vale a pena, porque é a medida que a gente tem para controlar a pandemia”, explica a especialista.
Por G1MA