MARANHÃO

Hipocrisia do deputado Carlos Lula: Governador Carlos Brandão deve subsídios aos empresários do transporte semiurbano e donos de lanchas de Alcântara-MA

Agência de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos não repassa os valores aos empresários há vários meses

Durante a sessão na Assembleia Legislativa, desta quarta-feira (26), o deputado Carlos Lula (PSB) tentou tirar proveito político da greve dos ônibus em São Luís. O que Carlos Lula não percebeu é que o transporte semiurbano que circula nas cidades de Raposa, Paço do Lumiar e São José de Ribamar, de responsabilidade do governo do Estado também está em greve por falta de repasse do subsídio que a MOB deixou de pagar no governo Brandão. Mas para atacar o prefeito Eduardo Braide, Carlos Lula esqueceu que seu chefe aliado também é um péssimo pagador.

Sem pagar os empresários do transporte coletivo semiurbano, há meses, o governador Carlos Brandão também deu calote nos donos de lanchas e barcos de Alcântara, que fazem a travessia Alcântara/São Luís. A falta de pagamento aos donos de barcos alcantarenses, obriga os proprietários das embarcações a reajustarem o valor da passagem. Os donos dos barcos contabilizam prejuízos desde 2022, quando o governador fez acordo em pagar o subsídios aos donos de lanchas e barcos.

O SUJO FALANDO DO MAL LAVADO

O mesmo Carlos Lula que vomita competência na Tribuna da Assembleia, atacando Braide, quando secretário de Saúde do Maranhão, foi acusado de participar de um esquema criminoso que teria desviado dinheiro público de hospitais do estado ainda em 2015, no início da gestão Flávio, quando o agora deputado estadual ocupava o cargo de sub-secretário de saúde do Governo do Maranhão. O fato teria sido comprovado nas investigações feitas pela Polícia Federal com a utilização de escutas telefônicas, que fizeram parte da “Operação Pegadores” – quinta fase da operação “Sermão aos Peixes”-.

As investigações da Polícia Federal apontaram que Carlos Lula teria conversado com Benedito Silva Carvalho, diretor da ICN (Instituto de Cidadania e Natureza) – uma paraestatal possivelmente envolvida no esquema – confirma que ali o atual deputado, na condição de subsecretário teria perguntado e sido informado de como funcionava o esquema, com a criação de “folhas complementares” de pagamento, que usurpavam R$ 400 mil por mês da Saúde do estado.

Qual a moral que o deputado Carlos Lula tem para cobrar competência, transparência e honestidade de outro político? É muita hipocrisia para um único hipócrita. Seria melhor ficar calado, já que falando, faz mais barulho que um vaso sanitário de rodoviária.

Abaixo, trecho da conversa interceptada pela Polícia Federal, no dia 22 de setembro, por volta das 17h45:

Benedito: Outra coisa que eu quero lhe dizer é que… é que… o que ‘cê’ precisar de outros dados… ela tá me pedindo agora, doutora Alana, pra que eu mande essa relação, dessa ‘folha complementar’, é… a relação de pessoas daí da secretaria que mandavam a gente pagar.
Carlos Lula: Tá, o que é essa ‘folha complementar’?
Benedito: Pois é, eu vou lhe ligar agora, que nela tá incluso uma relação de pessoas aí da secretaria que a gente pegava também, com folha extra…
Carlos Lula: Ahhhh… aí não tem quem aguente! Tá, entendi! Tá tudo bem, pode mandar. Pode mandar, por favor.
Benedito: A relação de… de… daí, tá? E também, como hora extra, diárias, daí da secretaria que mandavam pra gente pagar.
Carlos Lula: Mas pagar diária de quem? De gente da secretaria?
Benedito: Até diárias, doutor! Mandavam a gente pagar!
Carlos Lula: Tá bom! Tá certo! (parece surpreso).
Benedito: Eu vou mandar pra você tudinho.

Depois, outra ligação entre ambos que trata ainda mais sobre o assunto. Esta foi interceptada pela PF por volta das 18h35:

Carlos Lula: Deixa eu te perguntar uma coisa, essa tal folha complementar, o que era isso? Como que era feito?
Benedito: Não, era o seguinte: é… é… eles… eles mandavam um… essa… essa relação de pessoas que tem aí, era que a gente tinha que pagar, né? E vieram pessoas que trabalhavam aí na secretaria e que eram… eles diziam o “ordenado”, o que era pra ser feito, quando era e mandavam que fosse pago. Dizendo, na época, o Luiz (possivelmente se refere a Luiz Marques, ex-superitendente de Redes) e… e o pessoal aí, que organizava isso aí, da seguinte forma: que eles iam botar, era assim, um dinheiro a mais em dois hospitais pra poder efetuar o pagamento dessas folhas. E na realidade esse dinheiro que eles vinham a mais, era um dinheiro sempre a menos, porque já não dava pra pagar tudo e… e tinha que efetuar essas folhas. Elas giravam em torno de R$ 400 mil se você bem olhar aí.
Carlos Lula: Deixa eu lhe pedir uma coisa seu Benedito: então essas pessoas não trabalhavam nas unidades?
Benedito: Não, era aí na secretaria.
Carlos Lula: Na secretaria? E aí a secretaria…
Benedito: Se você olhar pelos nomes, você vai ver. Veja pelos valores maiores.
Carlos Lula: A secretaria mandava… mandava a lista de quem era para entrar na folha?
Benedito: Mandava, claro. Mandava a lista.
Carlos Lula: Tá bom. Tá certo.

Antes de conversar com Carlos Lula, no mesmo dia, Benedito tratou com a assessora da SES, identificada como Alana:

Benedito: Doutora Alana, deixa eu lhe dizer: já foi mandado pro e-mail do, do Carlos Lula, a, as folhas.
Alana: Tá…
Benedito: Dos meses de abril, maio, junho, julho, agosto, viu?
Alana: As folhas dos meses abril, maio, junho, julho, agosto! (Fala com alguém que está com ela).
Benedito: É porque ele pediu, ele pediu…
Alana: Ela já mandou!
Benedito: Pois é, eu tô dizendo que eu só tô confirmando. Que a menina…
Alana: Espera só um pouquinho seu Benedito, eu vou passar o telefone pra ele, mas antes deixa eu lhe perguntar uma coisa: o quê que é folha complementar?
Benedito: Folha complementar, que tem aí?
Alana: É.
Benedito: É aquela história do… do… dos… das… da relação que veio aí da secretaria pra gente pagar!
Alana: Ahn! Que o povo não tem vínculo!
Benedito: É, e outras coisas também… é a hora extra… doutora mandaram pra gente pagar tanta coisa que… (risos).

Estas conversas foram interceptadas em setembro de 2015, quando Carlos Lula era secretário-adjunto de Assuntos Jurídicos e Legislativos da Casa Civil do Governo do Maranhão. No mês seguinte, outubro, ele assumiu a sub-secretaria de Saúde do estado.

Fonte: O Globo

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