POLÍCIA

Marcelinho Carioca não explicou como a Taís Moreira foi sequestrada junto com ele

Polícia segue investigação sobre o caso. Cinco suspeitos devem ser indiciados e pelo menos outras seis pessoas são procuradas

A Polícia Civil de São Paulo segue com investigações em aberto para tentar elucidar toda a dinâmica por trás do sequestro do ex-jogador de futebol Marcelinho Carioca, de 51 anos. Ele desapareceu na madrugada do último domingo (17), logo após ter saído de um show de pagode na Neoquímica Arena, o estádio do Corinthians, em Itaquera. Teria passado mais de 24 horas sob o poder de criminosos até ser resgatado, no início da tarde desta segunda-feira. Veja o que já se sabe e o que ainda falta ser esclarecido sobre a “ocorrência complexa e ainda em andamento”, como definiu o delegado-geral, Artur José Dian.

Marcelinho foi raptado por se envolver com uma mulher casada?

A resposta da polícia é que, a princípio, não. No início da tarde desta segunda-feira, começou a circular nas redes sociais um vídeo em que Marcelinho e uma mulher apareciam lado a lado e diziam que haviam sido sequestrados pelo marido dela, que teria descoberto um caso entre os dois. Ela é Taís Alcântara de Oliveira Moreira, de 36 anos, que trabalhou para o ex-jogador na Secretaria de Esportes e Lazer de Itaquaquecetuba durante sua gestão. Após o resgate, ambos disseram à polícia que foram obrigados pelos bandidos, sob ameaça de arma, a criar aquela a versão. Ela afirmou ainda que estava separada há três meses.

— Ela é minha amiga há 3 anos. Conheço o ex-marido dela, o Márcio, os dois filhos dela — disse Marcelinho nesta segunda. — Eu não tenho nada com ela. É minha amiga. Se você tem uma arma apontada para sua cabeça e a pessoa te obriga a falar, o que você faz?

— Isso não é incomum, de os sequestradores sob ameaças fazerem as vítimas falarem o que eles querem. Isso acontece. E o próprio Marcelinho relata isso, também corroborando a versão da Taís — acrescentou o delegado-geral.

O ex-companheiro dela pode estar envolvido no crime? Quem é ele?

A polícia acredita que, a princípio, não há indícios de envolvimento de Márcio Moreira, de 39 anos, no crime. Ele, que foi ouvido na delegacia e liberado, nesta segunda-feira, tem um comércio de venda e conserto de relógios em Itaquaquecetuba, onde é conhecido pelo apelido de Márcio do Beco. Trabalha também como funcionário terceirizado da Saúde municipal, no Centro de Saúde Regina Neves.

Márcio do Beco: a princípio, polícia não liga ex-marido a sequestro de Marcelinho Carioca — Foto: Reprodução

Por que Marcelinho e a amiga foram sequestrados juntos?

Marcelinho afirma que, por volta de 0h40 de domingo, depois que já havia saído do show do cantor Thiaguinho, em Itaquera, combinou de levar para a amiga, em sua casa, em Itaquaquecetuba, ingressos para o mesmo evento, que seria realizado novamente no dia seguinte. Ele diz que estava próximo à casa dela quando ambos foram abordados por três criminosos. Afirma que foi agredido com uma coronhada e, em seguida, foram raptados em seu próprio carro.

Taís Moreira: mulher aparece ao lado de Marcelinho Carioca em vídeo de supostos sequestradores — Foto: Reprodução

— Eu fui ao show do Thiaguinho no sábado e saí por volta de 0h40 da Neoquímica Arena. Voltando para casa, e eu moro no Arujá, eu fui passando e falando com as pessoas que iam no show de domingo, porque eu não ia poder ir, e disse “vou entregar os ingressos para vocês irem domingo” — narrou. — (Estava) Na rua de baixo da casa dela, e três ruas depois tem uma festa de comunidade, um baile funk. Eu estava falando com todo mundo e aí chegaram três indivíduos, que me abordaram. Aí eu tomei uma coronhada na cabeça, depois não vi mais nada. Quando entrei no carro, já coloraram o capuz e eu não vi mais nada.

Taís pode estar envolvida no crime?

A polícia afirma que, a princípio, não. — A princípio, ela é vítima, assim como o próprio Marcelinho falou. Até checarmos todas as circunstâncias do crime, os dois são as vítimas.

O que falta explicar é como a Taís foi sequestrada e onde estava no momento em que Marcelinho foi dominado pelos marginais. Taís estaria no mesmo carro com o amigo? ou a amiga de Marcelinho estava na rua e entrou na mira dos marginais? É uma pergunta que falta ser respondida, mas somente as vítimas podem fazer isso ou a polícia.

O crime foi premeditado? Quantas pessoas estão envolvidas?

A polícia ainda não informou se acredita que o crime tenha sido premeditado. Marcelinho Carioca, por sua vez, disse acreditar que seu carro de luxo tenha oportunamente chamado atenção dos bandidos. Segundo o delegado-geral Artur Dian, foram conduzidas seis pessoas à delegacia, mas cinco devem ser indiciadas pelo crime de extorsão mediante sequestro: três homens e duas mulheres. A maioria, é de Itaquaquecetuba.

Os investigadores tentam ainda identificar e encontrar mais pessoas suspeitas de envolvimento no crime.

— Havia uma grande quantidade de sequestradores. Não sabemos dimensionar. Mas, além dos cinco presos aqui, havia entre 6 a 8 pessoas lá dentro (do cativeiro) — disse o delegado.

Ainda é investigada a participação de um adolescente, que pode ser apreendido.

Como Marcelinho foi encontrado e onde ele estava sendo mantido?

A polícia começou a chegar até os suspeitos a partir das transferências de Pix que foram feitas da conta bancária de Marcelinho Carioca. Os cerca de R$ 40 mil foram enviados a destinatários identificados, que foram localizados e detidos. A informação sobre o endereço do cativeiro teria chegado a partir de uma denúncia anônima.

Passa a passo do caso Marcelinho Carioca: supeitos detidos chegando na delegacia — Foto: Arte O GLOB/Repriodução

— A Polícia Militar já estava no patrulhamento, quando o Copom (Centro de Controle de Operações da Polícia Militar) recebeu uma denúncia anônima de que havia um casal que estava em cativeiro, na Rua Ferraz de Vasconcelos, em Itaquaquecetuba. A partir dessa denúncia, os policiais fizeram a procura desse casal, porém nada encontraram. Mas nessa casa havia um corredor. Então, os policiais visualizaram duas mulheres, viram uma moto que estava parcialmente desmontada, o que indicou aos policiais que poderia haver algo de ilícito ali. Os policiais continuaram no corredor e quando subiram a escada, encontraram o Marcelinho — detalhou.

Por O Globo

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