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Morre o jornalista Arnaldo Jabor, aos 81 anos de idade

Ele estava internado em São Paulo desde 17 de dezembro, após sofrer um AVC

Morreu, na madrugada desta terça-feira (15), o cineasta, cronista e jornalista Arnaldo Jabor, aos 81 anos. Ele estava internado no Hospital Sírio-libanês, em São Paulo, desde o dia 17 de dezembro, depois de sofrer um acidente vascular cerebral. A família informou que a causa da morte foram complicações do AVC.

Ex-mulher de Jabor e mãe de um de seus filhos, João Pedro, a produtora de cinema Suzana Villas Boas escreveu, numa rede social, na manhã desta terça-feira (15): “Jabor virou estrela, meu filho perdeu o pai, e o Brasil perdeu um grande brasileiro”. O cineasta deixa três filhos, João Pedro, Carolina e Juliana.

TRAGETÓRIA

Nascido em 12 de dezembro de 1940 no Rocha, bairro da Zona Norte carioca, Arnaldo Jabor era filho de um oficial da Aeronáutica e de uma dona de casa.

Em mais de 50 anos de carreira, Jabor, que foi colunista do GLOBO, percorreu entre o cinema, o jornal, a TV e o rádio, ora tratando de política, ora contando uma história da juventude — ou unindo os dois como um malabarista. Em seus filmes e textos, procurava observar a sociedade brasileira, compreender seus paradoxos e criticar suas hipocrisias.

Diretor do Cinema Novo, o cineasta inaugurou a linha do “cinema verdade” de Jean Rouch, aproximando a câmera das pessoas nas ruas e dando destaque às contradições da classe média, da qual o próprio fazia parte.

Seu primeiro longa-metragem “A opinião pública” (1967) foi um marco no documentário brasileiro moderno. Através de depoimentos de personagens como estudantes, donas de casa e aposentados, o filme traça um painel da classe média carioca após o golpe militar de 1964, evidenciando seus comportamentos, suas inclinações e, sobre tudo, sua distância frente a realidade brasileira. A obra faz, afinal, uma referência ao próprio diretor, que sempre se colocou diante da opinião pública como ponto crítico, de questionamento.

— Há uma semelhança do tempo em que fiz “A opinião pública” para hoje. Naquela época, o Brasil também estava dividido em dois e ninguém falava da classe média. Fiz o filme para mostrar a perplexidade de um grupo que não tinha a menor ideia do caminho que deveria seguir. É uma sensação que continua hoje.— declarou o jornalista em entrevista ao GLOBO em 2014, ao lançar a coletânea  “O malabarista — Os melhores textos de Arnaldo Jabor”.

Nos anos 1970, Jabor tornou-se um dos mais bem-sucedidos diretores do país com filmes como “Toda nudez será castigada” (1973), que conquistou o Urso de Prata no Festival de Berlim e foi o primeiro vencedor do Festival de Cinema de Gramado. Adaptado da obra teatral homônima de seu amigo Nelson Rodrigues, o drama acompanha um conturbado triângulo amoroso (às escondidas) entre um viúvo, sua amante e seu próprio filho.

Baseado novamente nos textos do cronista, Jabor lança “O casamento” (1975), um espelho dos anseios da classe média, repleto de sátiras e ironias, que conquistou o Kikito de ouro de melhor atriz coadjuvante a Camila Amado. Na mesma linha, mais um estouro: “Tudo bem” (1978), com nomes como Paulo Gracindo, Fernanda Montenegro e Zezé Motta. A obra, aliás, está na lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, editada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine).

As crises amorosas e existenciais voltaram a ser objeto do roteirista e diretor em “Eu te amo” (1980), com Paulo César Pereio, Sônia Braga, Tarcísio Meira, Vera Fischer e Regina Casé no elenco. Intimista e sexual, a película culmina num grande delírio musical em celebração ao amor e à vida. Foi indicada ao prêmio de melhor filme no Festival de Gramado em 1981 e saiu vencedora em três categorias: melhor atriz (Sonia Braga), melhor som e melhor cenografia.

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