Se for campeonato de deboche, Flávio Dino ganha o troféu invícto
Ex-governador do Maranhão e Ministro da Justiça não era um chute de canhota
O ex-juiz federal, ex-deputado federal, ex-governador do Maranhão, senador licenciado e Ministro da Justiça Flávio Dino (PSB), já mostrou por todos os ângulos que quando o assunto é audiência pública, seja no Senado ou na Câmara Federal, bolsonaristas desavisados precisam pensar muito antes e depois de tentarem atacá-lo. Nas últimas vezes que Flávio Dino participou de audiência pública convocada por bolsonaristas, o ex-comunista fez os patriotas passarem vergonha no débito, já que nenhum bolsonarista tinha crédito suficiente.
Em sua quarta audiência pública no Congresso, Flávio Dino abriu sua mala de deboche e em um tom humorado e debochado, massacrou bolsonaristas do início ao fim, protagonizando embates acalorados com senadores de oposição na Comissão de Segurança Pública da Casa, encarando todos na lata.
Os principais confrontos foram com Marcos do Val (Podemos-ES), Sérgio Moro (União-PR) e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), este último filho de Jair Bolsonaro. Os três perderam as chuteiras, o rebolado e saíram do campo direto para o vestiário, mostrando aos colegas bolsonaristas que treino é treino e jogo é jogo.
Criticado por adotar um tom irônico, o ministro Flávio Dino defendeu o “direito de rir” e disse que “rir é bom”. Dino, que já fez isso com o deputado bolsonarista André Fernandes (PL-CE), se estivesse disputando um campeonato de deboche, tendo como adversários os patriotas, seria campeão invícto.
Como sempre faz com seus desafetos, seja em audiências públicas ou debates, Dino ironizou os questionamentos do senador Marcos do Val sobre a atuação do ministério da Justiça nos atos golpistas do dia 8 de janeiro. O parlamentar afirmou que vão aparecer imagens de Dino dentro do Palácio do Planalto, assim como ocorreu com o ex-ministro do GSI, general Gonçalves Dias, e disse que o ministro será preso.
“Eu espero que o ministro seja afastado e, se possível, preso como foi o ministro André Mendonça”, disse do Val, que confundiu o ministro do Supremo Tribunal Federal com o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, preso há mais de três meses. O senador Bolsonarista acabou se atrapalhando e dando chances para Flávio Dino marcar seu primeiro gol em uma cobrança de deboche com a perna canhota.
Na resposta, Dino criticou a atuação de do Val nas redes sociais e ironizou a formação do senador com o profissional de segurança pública. “Não precisa o senhor ir para porta do Ministério da Justiça fazer vídeo de internet porque se o senhor é da Swat, eu sou dos Vingadores. O senhor conhece o Capitão América? O Homem-Aranha?”, afirmou Dino.
Marcos do Val tem formação militar e antes de entrar na política se especializou em treinamento e consultoria para forças de segurança em diversos países, incluindo a SWAT, grupamento tático especial da polícia americana. Mas intelectualmente peca bastante, ao defender um projeto que só ele e Bolsonaro acreditam.
Em sua fala, Moro saiu em defesa do colega de Parlamento e criticou as respostas irônicas do ministro. “Registro a minha solidariedade ao [Marcos] do Val, que eu acho que ele não pode ser tratado com deboche”, afirmou o ex-ministro de Bolsonaro.
Na resposta, Flávio Dino abriu outra mala, mas essa não continha deboche, apenas pedras. O ministro subiu o tom, disse que não admitirá ofensas a sua honra e criticou a atuação de Moro como juiz. “Eu vim aqui como ministro e senador da República para ser respeitado. Eu sou uma pessoa honesta, eu sou ficha limpa, eu fui juiz e nunca fiz conluio com o Ministério Público. Eu nunca tive sentença anulada. Por ter sido um juiz honesto, um governador honesto é que eu não admito que ninguém venha dizer que eu tenha que ser preso”, afirmou.
Dino também provocou o senador Flávio Bolsonaro na sua resposta sobre a possível ligação dos CACs [colecionadores, atiradores e caçadores] com o crime organizado. “O senador Flávio Bolsonaro falou sobre narcomilícia e é um tema que ele conhece muito de perto. Esse casamento entre milícia e narcotráfico. É claro que com em relação aos CACs também aconteceu isso. Criminosos viraram CACs e CACs se associaram ao crime organizado”, disse Dino.