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Bolsonaro reúne-se com raposas velhas da política

O presidente Bolsonaro convidou caciques de partidos para 'conselho de governo' e se desculpa por 'caneladas'

BRASÍLIA — No primeiro dia de encontros com caciques de partidos políticos, o presidente Jair Bolsonaro fez um convite para que os chefes das siglas integrem um conselho de governo. O mandatário, que frequentemente fazia ataques aos adversários dizendo que integravam a “velha política”, se desculpou por “suas caneladas.”

Presidente da República, Jair Bolsonaro durante audiência com Onyx Lorenzoni, ministro-Chefe da Casa Civil; Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD; senador Otto Alencar (PSD-BA), líder do PSD no Senado; senador Arolde de Oliveira (PSD-RJ), vice-líder do PSD no Senado; deputado André de Paula (PSD-PE), líder do PSD na Câmara e deputado Diego Andrade (PSD-MG), vice-líder do PSD na Câmara Foto: Marcos Correa / PR.

— O que foi muito bonito hoje é que todos concordam que é o momento da gente passar por cima das nossas diferenças e do que aconteceu no período eleitoral. O presidente, com a sua humildade, se desculpou de uma canelada aqui, uma canelada acolá — disse o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. — E a gente vai construir uma coisa que é muito importante: unir todos os que são verde-amarelos a favor do Brasil.

Em busca de apoio para a aprovação da reforma da Previdência, nesta quinta-feira, Bolsonaro recebeu os presidentes do PRB, PSD, DEM, PP, PSDB e MDB. Outro seis presidentes partidários serão recebidos no Palácio do Planalto: Podemos, PR, PSL, Novo, Avante e Solidariedade. Os encontros ocorrerão nas próximas terça e quarta-feira.

— O presidente (Bolsonaro) ficou muito satisfeito. Todos os presidentes de partido reiteraram a disposição de ajudar a construir uma relação que seja muito positiva entre o governo e o Parlamento — disse o ministro.

Onyx confirmou que todos os chefes de legendas foram convidados a integrar um conselho para levar propostas ao Executivo. A intenção é que o grupo se reúna uma vez ao mês. O chefe da Casa Civil afirmou que o governo é “humilde” e “não tem problema em reconhecer erros.”

— Isso foi um convite inicial. A sugestão é de que pelo menos uma vez a cada 30 dias a gente (se) reúna, porque serve como aconselhamento para o governo, para trazer novas propostas. O governo é humilde, que não tem nenhum problema de reconhecer se errou aqui, errou acolá e corrigir o seu erro. O objetivo é acertar — disse.

Onyx afirmou que a aproximação entre Executivo e Legislativo com “boa política”, sem oferecimento de cargos, se dará  porque os partidos entenderam “o recado das urnas” e buscam uma “outra forma de se relacionar.”

— Pode entrar na internet, ninguém te ensina como é que faz isso. Nós estamos aprendendo a fazer. E eu acho que o gesto de boa vontade do presidente de chamá-los, todos compreenderam como um gesto de boa vontade e todos querem colaborar, afinal todos nós temos que torcer só para um time, né?, que é o time do Brasil — disse.

Juntos, os seis partidos cujos presidentes foram convidados para audiências com Bolsonaro nesta quinta-feira reúnem 196 deputados na Câmara. Com 38 parlamentares na Casa, o PP é o que tem a maior das bancadas contempladas, seguido por PSD (36), MDB (34), PRB (31), PSDB (30) e DEM (27). Para aprovar uma Proposta de de Emenda Constitucional (PEC) como a da Previdência, são necessários 308 dos 513 votos no plenário da Câmara.

Responsável pela articulação política do governo, Onyx negou que uma frustração do Planalto por nenhum dos dirigentes das siglas terem se declarado da base aliada:

— Quando a gente estende a mão para o diálogo, a gente tem que respeitar o posicionamento de cada partido. A gente tem que compreender que cada um tem uma circunstância — respondeu durante entrevista coletiva aos jornalistas. — Essa coisa de fechar questão, o melhor fechamento de questão que tem é o convencimento — argumentou.

O ministro citou, como exemplo, a conversa entre o presidente do PSDB, o ex-governado de São Paulo Geraldo Alckmin, que disputou as eleições presidenciais no ano passado.

— Foi uma reunião muito produtiva e propositiva. Eles disputaram a eleição conosco, muito provavelmente terão candidato na próxima eleição, mas a relação é para ajudar o Brasil. E é isso que nós estamos atrás — disse.

Onyx relatou ainda que o MDB, representado pelo seu presidente Romero Jucá, entregou uma “agenda propositiva” de projetos de interesses do país, entre elas uma reforma tributária e descentralização de recursos públicos, o que segundo ele foi visto com “muita simpatia” por Bolsonaro.

Sobre as ponderações e críticas feitas por dirigentes partidários após o encontro, Onyx disse que a proposta está na fase de análise da constitucionalidade da Câmara, e que a votação deve ocorrer no dia 16 ou 17 desse mês, com expectativa de aprovação do relatório na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

— Aí tem que ser cada dia com sua agonia — afirmou, reconhecendo que discussões pontuais sobre o texto devem ser ocorre na comissão especial para tratar da proposta. — Agora todos foram unânimes em reconhecer que a Nova Previdência não é um projeto do governo Bolsonaro, é uma necessidade do país chamado Brasil.

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