Equipe do governo Bolsonaro tem a primeira queda
Presidente da Apex é demitido, e governo Bolsonaro tem primeira exoneração em 7 dias
Sete dias depois de nomeado presidente da Apex (Agência de Promoção de Exportações do Brasil), Alecxandro Carreiro foi demitido, nesta quarta-feira (9), na primeira queda do governo
O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo anunciou sua saída e a indicação ao presidente Jair Bolsonaro do embaixador Mário Vilalva para substituí-lo. Vilalva possui “ampla experiência em promoção de exportações”, justificou Araújo nas redes sociais.
O chanceler afirmou que a saída foi a pedido de Carreiro. Nos bastidores da Apex, no entanto, há alguns dias já se comentava a instabilidade do presidente. De acordo com relatos internos, Carreiro vinha demitindo sumariamente antigos funcionários para nomear aliados, sem fazer qualquer transição.
Como entre os desligados havia servidores técnicos, instalou-se um clima de caça às bruxas que Araújo quer evitar. Entre as pessoas demitidas está Ana Seleme, mulher de Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor do ex-presidente Michel Temer.
Pelo menos dois diplomatas foram demitidos de gerências da Apex, afastando-a do Itamaraty. Carreiro preparava mais uma leva de demissões ainda nesta semana, segundo pessoas da agência. Araújo foi informado da situação, motivo de desconforto interno, e pediu moderação. Carreiro, no entanto, manteve o método. O chanceler se irritou e pediu que renunciasse.
Araújo justificou a decisão pela necessidade de manter a Apex com quadro técnico e uma direção de perfil moderado. Além da questão política, o agora ex-presidente da Apex não é fluente em inglês, requisito da função previsto no estatuto da agência.
Nascido em Poranga (CE), Carreiro é formado em publicidade e pósgraduado em gestão pública. Ele teve passagens pela Secretaria Nacional de Portos, pela Comissão Nacional de Autoridades nos Portos e pelo Sebrae.
Os dois diretores nomeados da Apex permanecem —são indicações de Araújo, não de Carreiro. Na diretoria de gestão corporativa, assume o advogado Márcio Coimbra, ex-assessor parlamentar e estrategista político no
Senado.
Na diretoria de negócios, entrará a empresária Letícia Catelani, que é próxima de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, e teve papel atuante na campanha eleitoral. Ela chegou a ser da diretoria do PSL em São Paulo, mas saiu, depois de um confronto com o então presidente interino do partido, Gustavo Bebbiano.
Indicado para a presidência da Apex, Vilalva está no Itamaraty desde 1976. Já serviu em diversos postos no exterior e se especializou na chamada diplomacia econômica. Vilalva foi embaixador no Chile (2006-2010) e em Portugal (2010-2016). Em 2016, assumiu o cargo de embaixador na Alemanha.
A Apex era parte do antigo Ministério do Desenvolvimento (Mdic) e passou a ser vinculada ao Itamaraty na gestão do chanceler José Serra e lá se manteve, a pedido do novo chanceler Ernesto Araújo.