Momento de Reflexão!
Crônica escrita pelo radialista Raimundo Nonato, maranhense radicado no Rio de Janeiro
Sempre achei que a propósito de facilitar as trocas diretas, como eram praticadas em tempos idos, o homem criou a moeda sem perceber que acabaria por se ajoelhar aos pés do seu próprio invento. Então surgiu um fator novo nas intermediações de bens e serviços. As aquisições passaram a ser feitas por um valor estipulado em moeda e revendidas com acréscimo de um Delta sobre o valor original.
Isso deu início a uma corrida atrás do lucro que aumentava o patrimônio do investidor quanto mais rapidamente o capital aplicado voltasse ao ponto de partida. Quem tivesse a capacidade ou oportunidade de fazer esse giro acontecer muitas vezes em pouco tempo, ficava rico.
Com o tempo, o fator econômico assumiu tal importância na mente das pessoas que aos poucos se transformou numa espécie de rolo compressor que passou a esmagar os verdadeiros valores da vida como pudor, moral, ética, família, etc.
O fator cifrão levou muita gente a esquecer os bons ensinamentos do Divino e a se deixar levar pela ideia de possuir o único valor vigente no mundo capitalista e selvagem, que dá a sensação de poder, que leva ao orgulho e à exploração do homem pelo homem, sem dó nem compaixão de quem lhe estende a mão.
Então me lembrei de uma canção que me tocou muito na época, quando um poeta conclamava a divindade que no passado já estivera por aqui, a voltar para dizer ao povo que o amor é importante e que viesse logo para nos ensinar tudo de novo.
Coincidência ou não, de repente um fenômeno fez o mundo parar! O homem, agora confinado entre quatro paredes, olhou para baixo e não viu o chão; para cima e não viu o céu e dentro de si um grande vazio no lugar que outrora abrigou a alegria e a vontade de viver. Quem está por trás disso, nem a ciência até hoje soube explicar. O desespero se instalou ao ver gente morrendo aos montes, outras em queda livre, aumentando muito o contingente dos que passam fome, dos que dormem ao relento e a própria incerteza de estar vivo no momento seguinte. Foi quando bateu o sentimento de solidariedade dando início a prática de compartilhar um pouco do seu quinhão com aqueles que contam os grãos do que têm na mesa para comer, de ver o próximo como irmão, enfim a refletir que o orgulho intrépido do egoísmo, não tem sentido, que precisamos praticar o bem, dar o nosso melhor, sentir amor ao próximo, mas principalmente reconhecer que só iremos salvar o mundo se nos dermos as mãos.
Essa virada teria sido uma resposta aos apelos do poeta ou uma nova ordem universal de comportamento para tornar a nossa vida melhor?
Por Raimundo Nonato – Radialista, Contador, Compositor e Escritor.