Vacinação contra a Covid-19 avança pelo mundo; no Brasil continuam politizando
Já são mais de 35 milhões de doses de imunizantes aplicadas em mais de 50 países, nenhuma dose no Brasil
A pandemia provocada pelo novo coronavírus impactou o mundo todo e fez a ciência desenvolver vacinas — seguras e eficazes — em tempo recorde. Em 9 de dezembro, a primeira dose do imunizante contra a Covid-19 foi aplicada no mundo ocidental, no Reino Unido.
Quase quarenta dias depois, mais de 35 milhões de doses foram aplicadas em mais de 50 países, como Canadá, China, Estados Unidos, Rússia, nações da União Europeia e da América do Sul, como Argentina e Chile. Até o momento, o Brasil não iniciou sua campanha de vacinação.
O GLOBO criou um painel exclusivo para o acompanhamento em tempo real da vacinação no mundo. Acesse clicando aqui: Painel mostra a evolução da vacinação contra o Covid-19 no mundo.
Anvisa ainda precisa autorizar uso emergencial das vacinas
O uso emergencial de três vacinas está em processo de avaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão responsável por autorizar qualquer tipo de uso de imunizantes e medicamentos no Brasil: a da AstraZeneca/Oxford (que no Brasil será produzida pela Fiocruz), a CoronaVac (da chinesa Sinovac, que está sendo produzida pelo Instituto Butantan) e a russa Sputnik V.
A liberação para o uso emergencial das vacinas Coronavac e da AstraZeneca/Oxford deve acontecer no próximo domingo, dia 17.
Na quinta-feira, dia 14, a Anvisa mandou um ofício cobrando a Fiocruz e o Butantan sobre o repasse de dados. Na ocasião, a agência informou que a não disponibilização de todas as informações poderia interferir no prazo para análise da pesquisa pela agência. Por ora, a data está mantida.
A Fiocruz enviou à Anvisa todos os dados para o pedido de autorização emergencial da vacina Oxford/AstraZenica na sexta-feira, dia 15. A informação consta do painel da agência para o acompanhamento da avaliação. Para o Instituto Butantan, faltam 10,94% das informações exigidas para a Coronavac.
No começo do ano, o governo brasileiro fez um acordo com o Instituto Serum, da Índia, para a compra de um primeiro lote emergencial de 2 milhões de doses da vacina de Oxford. No entanto, ainda não há uma definição de quando essas doses vão chegar ao Brasil. Havia uma previsão de o avião decolar nesta sexta-feira para resgatar os imunizantes, mas haverá atraso. O presidente Jair Bolsonaro afirmou na sexta-feira (15) que o avião vai demorar “dois ou três dias” para sair do Brasil.
De acordo com o presidente, pressões políticas na Índia fizeram com o que o laboratório Serum adiasse a entrega das doses, compradas pelao Fiocruz, até que a vacinação comece no país asiático, o que está previsto para ocorrer neste sábado (16).
Para tentar manter o cronograma inicial de início da vacinação na próxima quarta-feira (20), o Ministério da Saúde solicitou ao Instituto Butantan a entrega “imediata” de 6 milhões de doses da CoronaVac. O documento abre uma disputa entre o governo estadual, ao qual o centro de desenvolvimento de vacinas está ligado, e Brasília.
Vacinas contra a Covid-19: Saiba tudo sobre os efeitos colaterais, eficácia e plano de vacinação
As doses da CoronaVac já foram adquiridas pela gestão Bolsonaro por meio de um contrato de exclusividade. A sua entrega, portanto, faz parte do acordo. Em reação ao pedido feito nesta sexta-feira (15), porém, o Butantan questionou quantas das doses devem ficar em São Paulo mesmo, por fazerem parte do rateio que cabe ao estado no Plano Nacional de Imunização.
A quantidade de doses que irá para cada estado ainda não foi divulgada. Essa resposta era esperada pelos governadores para a tarde de sexta, mas não se concretizou.
Por O Globo