Jucelino Filho é a prova que Lula vence eleição com amigos e governa com inimigos. Entenda!!!
Estatal vinculada a Juscelino Filho teria dado pedalada fiscal no valor de R$ 77 milhões
O ministro das Comunicações do governo Lula, Jucelino Filho, é originário de uma família cheia de tretas na política maranhense. Como todos sabem, Jucelino é uma “canoa à vela”, que navega na política brasileira de acordo com o vento do poder. Em seu histórico, soma-se a aliança com Eduardo Cunha, o voto em favor da cassação de Dilma Rousseff, o apoio a Michel Temer e a campanha de 2022 em favor de Jair Bolsonaro. Agora, Jucelino é ministro de Lula e vem sendo acusado de inúmeros escândalos envolvendo, principalmente emendas parlamentares.
Entre tantos escândalos já noticiados pela imprensa maranhense e nacional, envolvendo Jucelino Filho, agora surge nova pauta e bombástica. A Telebras, estatal vinculada ao Ministério das Comunicações, pasta comandada por Jucelino Filho, teria dado uma “pedalada fiscal” de R$ 77 milhões. A empresa teria feito uma manobra contábil para rolar despesas de 2023 para o orçamento deste ano. O procedimento seria considerado irregular pelo TCU (Tribunal de Contas da União), pois violaria a Constituição. A conduta pode ser enquadrada como improbidade administrativa e crime de responsabilidade.
Em nota, a Telebras informou que tem feito cortes para se ajustar aos limites do orçamento do governo federal. O Ministério das Comunicações afirmou que a Telebras tem diretoria e conselho de administração devidamente constituídos. “Todas as decisões estratégicas e operacionais são de responsabilidade exclusiva desses órgãos — e não do Ministério das Comunicações.”
O conselho de administração da Telebras tem, entre seus integrantes, indicados da própria pasta e do PT. No governo do presidente Lula (PT), a estatal se tornou cota do senador Davi Alcolumbre (União-AP), que trocou toda a diretoria e acomodou aliados em troca de apoio ao governo Lula.
O orçamento da Telebras é controlado pelo ministério de Juscelino Filho — ou seja, a pasta pode modificar seu próprio orçamento para aumentar ou diminuir os recursos que caberão à estatal.
Despesas acima do limite – A Telebras admitiu a manobra contábil em um relatório enviado ao governo federal e obtido pelo UOL via LAI (Lei de Acesso à Informação).
A estatal informou ter solicitado recursos extras em 2023 — os pedidos são feitos aos ministérios das Comunicações e Planejamento —, mas que, diante das negativas, empurrou um “volume elevado” de compromissos para 2024.
O orçamento da Telebras foi de R$ 612 milhões no ano passado — valor-limite para gastos com salários, manutenção da infraestrutura e execução de obras, por exemplo.
A Constituição proíbe que a administração pública faça despesas ou assuma obrigações em valores que ultrapassem o teto orçamentário para evitar descontrole dos gastos.
Os serviços consumidos em um determinado ano precisam ser honrados com orçamento referente àquele período. Ou seja, se a conta de luz de um ministério é de maio de 2023, o recurso para pagá-la deve ser empenhado (reservado) no mesmo ano.
Em 2023, a Telebras tinha despesas que precisavam ser executadas com orçamento daquele ano. Como não tinha verba, a empresa apenas parou de separar recursos para pagar os fornecedores, sem deixar, contudo, de consumir os serviços.
Na prática, a estatal aumentou artificialmente o orçamento do ano passado em 12%.
A companhia consumiu o que o governo tinha liberado para 2023 e usou parte da verba deste ano para cobrir compromissos que deveriam ter sido executados anteriormente.
O UOL identificou que, em 12 de janeiro, a Telebras reservou R$ 40 milhões para pagar dois fornecedores importantes da empresa, com os quais está inadimplente.
Como mostrou o UOL, a dívida milionária da Telebras com fornecedores cresceu 105% no último ano. Isso ocorreu em paralelo à troca da diretoria na estatal.
TCU já condenou prática feita em estatal – Para executar neste ano compromissos de 2023, a Telebras lançou mão de uma ferramenta orçamentária denominada DEA (Despesas de Exercícios Anteriores).
O instrumento deve ser usado “em casos excepcionais por se tratar de despesas que não fazem parte da previsão orçamentária anual”, segundo reconheceu a própria estatal em balanço.
“A alta realização de despesas classificadas como DEA decorre das negativas dos pedidos de suplementações orçamentárias [solicitação de acréscimo de recurso] cadastradas no exercício de 2023”, alegou a Telebras.
Segundo o TCU, o instrumento só deve ser usado, por exemplo, se:
a reserva dos recursos for anulada por irregularidade em processo licitatório;
uma empresa apresentar faturas de anos anteriores;
uma decisão judicial determinar o pagamento de valores retroativos.
A Telebras registrou, em 2023, um total de R$ 853 mil em despesas anteriores, conforme o Siga Brasil (painel orçamentário do Senado).
De janeiro a agosto deste ano, o valor saltou para R$ 77 milhões.
O Tribunal de Contas considera, desde 2022, que esse tipo de manobra contábil é irregular. Naquele ano, a Corte fez uma fiscalização e identificou casos semelhantes ao da Telebras.
Na avaliação do TCU, esse tipo de procedimento pode:
acumular dívidas para a União;
distorcer resultados fiscais;
e consumir orçamento dos anos seguintes, impactando negativamente o planejamento do governo.
No relatório enviado ao governo, a Telebras alegou ter rolado os compromissos “com o intuito de manter a operação da rede e garantir a continuidade das políticas públicas associadas, prestação dos serviços aos seus clientes e diretamente ao cidadão”.
Em um dos casos já analisados, o TCU afirmou que, “por mais meritória que seja a política pública”, não cabe a um gestor decidir o valor do orçamento de um órgão.
A alocação de recursos para cada setor do governo é uma decisão técnica e política. Cabe ao Executivo elaborar o orçamento e ao Legislativo analisar, modificar e aprovar quanto cada área terá de teto.
Segundo o TCU, os gestores devem “se limitar a agir dentro dos contornos orçamentários definidos pelo Congresso Nacional”.
“Quando a autorização orçamentária conferida pelo Poder Legislativo não é suficiente para custear despesas discricionárias, estritamente do ponto de vista do Direito Financeiro, a conduta esperada do gestor […] é que a Administração adote medidas visando à redução de despesas”, assinalou a Corte.
Discurso destoa da prática – Telebras foi retirada da lista de privatizações pela gestão petista em abril do ano passado.
Em 27 de agosto, Lula visitou o Centro de Operações Especiais da estatal e mencionou “o interesse do nosso governo em recuperar essa empresa”.
“Quando nós resolvemos tirar essa empresa do rol da privatização, é preciso vocês saberem que nós assumimos um compromisso”, afirmou Lula. “É um compromisso de fazer daqui a dois anos ela ser melhor do que ela é hoje.”
Em 30 de agosto, o governo entregou o projeto de lei orçamentária para 2025 ao Congresso. Os recursos previstos para a Telebras, no ano que vem, são de R$ 586 milhões.
A Abeprest (Associação Brasileira das Empresas Prestadoras de Serviços de Telecomunicações e Informática) manifestou, em nota, sua “total indignação” com a inadimplência da estatal com fornecedores.
“Ao atrasar os pagamentos de suas obrigações financeiras, a Telebras provoca insustentabilidade às empresas contratadas, com consequente risco de atraso de pagamento dos salários dos seus funcionários e demais obrigações acessórias”, afirmou.
Esse contexto potencializa um grande problema social de consequências insustentáveis e imprevisíveis.”
A Telebras informou estar “realizando cortes em sua programação orçamentária nos últimos anos a fim de ajustar as suas realizações aos limites estabelecidos do orçamento do governo federal”.
Ministério de Juscelino Filho culpa gestão Bolsonaro – Em nota, o Ministério das Comunicações afirmou que a Telebras “foi sucateada entre 2019 e 2022 para ser privatizada pela gestão anterior”.
Segundo a pasta, “uma das consequências desse processo foi o acúmulo de dívidas com fornecedores, cujo problema está sendo equacionado pela atual gestão, após a sua retirada do Programa Nacional de Desestatização”.
A pasta informou que, para os orçamentos de 2024 e 2025, “foram solicitados recursos suficientes para a Telebras cumprir as suas obrigações, além de requisitar, durante o ano, a liberação de recursos para quitar a dívida com fornecedores”.
As Comunicações relataram que essas solicitações são analisadas pela Junta de Execução Orçamentária – composta pelos ministérios do Planejamento e Orçamento; Gestão e Inovação; Fazenda e Casa Civil – “com o conjunto das demandas dos diversos órgãos federais e define o que será atendido, de acordo com limitações fiscais do orçamento geral da União”.
O ministério declarou que foi solicitado R$ 1,2 bilhão de orçamento para a companhia em 2025, “mas no projeto de lei orçamentária anual, dadas as limitações da política econômica, constam R$ 586 milhões”.
“Em 2024, em função do cenário restritivo, o pleito foi de R$ 1,3 bilhão, contudo o aprovado foi de R$ 549 milhões, sendo que foram liberados até o momento, R$ 343,8 milhões”, pontuou.
O Ministério da Fazenda afirmou que a estatal “faz parte do orçamento do Ministério das Comunicações, que é o responsável pela supervisão de suas atividades”. Por isso, a empresa e a pasta seriam “os únicos capazes de responder” sobre o assunto.
Procurado, o Ministério do Planejamento informou que a reportagem deveria procurar o Ministério da Gestão.
O Ministério da Gestão, por sua vez, afirmou que a Telebras faz parte do orçamento consolidado pelo Ministério do Planejamento “e diz respeito ao orçamento do ministério setorial ao qual a empresa está ligada”.
Por UOL