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O lulismo sob ataque na viagem de Bolsonaro ao Nordeste

Sertanejos antes fechados com Lula já se inclinam em direção ao presidente depois do auxílio emergencial de R$ 600

Na primeira vez que foi eleito presidente da República, em 2002, Luiz Inácio Lula da Silva teve apenas 27% dos votos em Guaribas, no sertão piuaiense, no segundo turno contra José Serra (PSDB). Quatro anos depois, mesmo depois do mensalão, alcançou 93% diante de outro tucano, Geraldo Alckmin. A explicação é uma só: foi lá que, em 2003, o petista lançou o Fome Zero, depois trocado pelo Bolsa Família, o programa de assistência social que ajudou milhões de brasileiros a enfrentar a miséria e rendeu votos na mesma proporção aos candidatos do PT — em 2018, Fernando Haddad teve quase 100% dos votos na cidade.

O domínio do partido sobre os eleitores dos grotões nordestinos foi tão grande ao longo da última década e meia que fica difícil lembrar que nem sempre foi assim. O Bolsa Família, para além das discussões ideológicas sobre seu assistencialismo, foi fundamental para o sucesso eleitoral duradouro do PT nessa região e a visão de Lula como uma espécie de “pai dos pobres”.

atual investida do presidente Jair Bolsonaro na região significa uma aposta de que esse eleitor pode mudar de lado outra vez. Uma reportagem da revista Época em julho percorreu municípios da região e constatou in loco os que as pesquisas já indicavam. Sertanejos antes fechados com Lula já se inclinam em direção a Bolsonaro depois do auxílio emergencial de R$ 600, que passou a ser conhecido como “bolsa do capitão”.

Ainda faltam dois anos para as eleições presidenciais, a economia enfrentará meses difíceis pela frente, e o governo não tem fôlego financeiro para manter o auxílio para tanta gente, muito menos no atual valor. Mas os sinais são de que o coração do Nordeste, fundamental para a vitória de Dilma Rousseff em 2014 e para a chegada de Haddad ao segundo turno quatro anos depois, está mais uma vez aberto para disputa.

Por Pedro Dias Leite (O GLOBO)

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