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Pesquisa: Instituto Veritá mostra tudo, mas esconde o fracasso da gestão Edaurdo Braide

Estudo apresentado sobre a avaliação de Braide em São Luís foi uma espécie de "aprovação" da reprovação. Leia e entenda!

Ao longo da minha jornada na comunicação, tive o prazer e oportunidade de entrevistar vários profissionais das mais diversas áreas do conhecimento, atuando tanto aqui no Maranhão, bem como no Rio de Janeiro, onde dei os primeiros passos como jornalista e radialista profissional. Nos meus quase 25 anos de estrada, o rádio ensinou-me a entender a psicologia da política e separar o joio do trigo. Hoje as facetas políticas envolvendo pesquisas de opnião tendem a enganar os eleitores desinformados, que ainda são maioria, infelizmente.

Em uma das entrevistas, lembro a advertência em tom solene de um professor de estatística: “Cuidado com as pesquisas e com as estatísticas. Muitas delas são falsas e mentirosas”. E passou o bate-papo todo dando exemplos de estudos divulgados que não correspondiam à realidade. Era um excelente professor, pois conseguiu assim despertar o meu interesse no aprendizado da matéria.

Alguns anos depois, um economista brilhante, Roberto Campos, em tom jocoso nos presenteou com uma pérola que se inseriu de forma definitiva no folclore econômico brasileiro: “Estatística é como biquíni –mostra tudo, mas esconde o essencial”. Em outras palavras, e de maneira mais engraçada, deu a mesma lição dada pelo professor de estatística durante a memorável entrevista.

A comunicação tem essas armadilhas. Alguns números são apresentados de uma maneira para atender às conveniências de uns, e de outra para atender aos interesses de outros. Cabe a quem os recebe interpretar o que efetivamente está por trás dos dados anunciados. Mas para isso, precisa abrir os olhos para a realidade, agir pela razão e deixar o coração de lado.

Quando os dados são apresentados pela comunicação escrita, temos mais condições de checar a veracidade dos números. Pela comunicação oral, entretanto, especialmente em palestras e conferências, nem sempre temos meios de fazer essa verificação. São sofismas sorrateiros que se apresentam como premissas, nos confundem e nos levam a acreditar que as conclusões são mesmo verdadeiras.

A questão toda se apoia na ética, ou na falta dela, para transmitir informações enganosas. Foi basicamente isso que observamos na última quarta-feira, 9, quando setores da imprensa maranhense publicaram um estudo do Instituto Veritá, com sede em Minas Gerais, sobre aprovação das prefeituras brasileiras em julho de 2023.

De acordo com o levantamento, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), teria 71,7% de aprovação, mas sua gestão é reprovada por outros 28,3%. O problema, entretanto, é que certas falhas na pesquisa do Veritá autorizam o eleitorado ludovicense a duvidar do levantamento. Vamos explicar a seguir:

Ao mesmo tempo em que apontou uma aprovação acima de 70%, o instituto mostrou o prefeito sendo reprovado em várias áreas da administração. Na limpeza, por exemplo, 57% afirmaram que Braide não vai bem neste setor. Outros 83% falaram que reprovam o trânsito e mobilidade. No transporte público, 88% disseram que reprovam Braide nesta área. Veja abaixo os gráficos.

A amostragem indica que os “eleitores” ludovicenses tem a pior impressão/percepção da prestação dos serviços públicos. Contudo, mesmo assim, Eduardo Braide ainda aparece com 71,7% de “aprovação” contra uma desaprovação de apenas 28,3%. Alguém consegue entender essa matemática grega? É como se um aluno que teria tirado nota 6 o ano inteiro na escola, mas acabou sendo aprovado com nota 10 no final do ano. Quem entender, explique-me por favor!

Outro fato que chamou a atenção foi a omissão de NS/NR ou prefiro não responder ou não opinar. No estudo do Veritá, por exemplo, todos os entrevistados souberam responder. Incrível! Ocultar essas informações para direcionar o eleitorado para um determinado candidato pode ser considerada uma atitude ética?

Para minimizar informações negativas, por exemplo, um órgão governamental pode comparar números atuais com os do ano anterior, que já eram muito ruins, para dizer que a situação não piorou tanto. Deixa de dizer, entretanto, que se a comparação fosse feita com os dados do início do seu governo, o resultado seria visto como catastrófico.

E assim, quando é favorável o resultado é apresentado em números absolutos, mas quando é conveniente mudar, os dados passam a ser fornecidos em percentuais. A percepção de um problema muda muito de um caso para outro.

A conduta ética e responsável deve pautar todas as nossas ações. Divulgar números, estudos, estatísticas e pesquisas sabendo que os dados escondem informações importantes, não nos torna melhores cidadãos. Por isso, ao meu ver, a pesquisa do Veritá sobre a gestão municipal na capital maranhense foi uma espécie de “aprovação” da reprovação. Os gráficos e tabelas em anexo não deixam absolutamente nenhuma dúvida. Veja as tabelas abaixo.

O exemplo do professor de estatística é apenas uma analogia para fazer uma base ao criticar os números contraditórios.

Que a honestidade nos Institutos de Pesquisa seja maior que a aprovação de Eduardo Braide daqui pra frente. è bom lembrar aos ludovicenses, que o Instituto Veritá é o mesmo que tentou colocar Bolsonaro na frente de Lula no segundo turno das eleições de 2022.

Por João Filho – jornalista, radialista e pesquisador sobre a história do rádio maranhense.

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