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Aliados de Flávio Dino já jogaram no time de Sarney

Time comunista está formado por jogadores rodados no cenário político maranhense

A força gravitacional do Palácio dos Leões levou uma multidão ao Sebrae, na manhã do último sábado (28) para consolidar o apoio de 15 partidos à reeleição do governador Flávio Dino (PCdoB). Participaram do evento centenas de candidatos: ao Senado – Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS), à Assembleia Legislativa e à Câmara Federal, além de prefeitos, vereadores e organizações dos movimentos sociais oriundos de todas as regiões do Maranhão.

No palanque heterogêneo estavam aliados históricos do PCdoB, a exemplo do PT, e dissidentes do grupo liderado por José Sarney (PMDB), com destaque para Pedro Fernandes (PTB) e Gastão Vieira (PROS). O primeiro já está aquinhoado no governo comunista com dois benefícios: suplência no Senado e a promessa de eleição do seu filho Pedro Lucas à Câmara Federal; o segundo, queixa-se de ter apoiado Flávio Dino sem nada em troca. Será?

Centrão

Se por um lado a convenção mostrou a força dos Leões, de outro torna transparente a reedição do pragmatismo eleitoral que tende a ampliar o poder de governabilidade com uma base fisiológica viciada, a exemplo das legendas do Centrão – lideradas no Maranhão por André Fufuca (PP), Josimar Maranhãozinho (PR), Cleber Verde (PRB), Simplício Araújo (Solidariedade), Juscelino Filho (DEM), Pedro Fernandes (PTB), Gastão Vieira (Pros), Jota Pinto e Junior Marreca (PEN/Patriota).

Alguns deles, deputados federais que votaram pelo impeachment da presidente Dilma Roussef (PT), estavam na linha de frente do palanque onde o governador Flávio Dino abriu seu discurso defendendo a liberdade de Lula e o direito de o petista ser candidato a Presidente da República.

Trata-se da mesma elite política saudosa de Roseana Sarney (PMDB), que mudou para Jackson Lago (PDT) e agora é absorvida por Flávio Dino. Na verdade o grupo de Flávio é como se fosse uma bermuda nova feita de uma calça velha. Praticamente todos estudaram na Escola de Sarney e agora falam mal do professor.

Esta heterogeneidade, própria da política, terá uma coalizão pró-Lula com Flávio Dino e simultaneamente a militância das legendas do Centrão na campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) a presidente da República.

A convenção teve também a simbologia de uma aliança com os movimentos sociais. Foram referenciados o MST, quilombolas, quebradeiras de coco, juventude e pessoas de várias regiões do Maranhão beneficiárias dos principais programas do governo: Mais Asfalto; Escola Digna; Mais IDH; Sim, eu posso!;  Restaurante Popular; entre outros.

Não se pode negar que há melhorias concretas sendo processadas no Maranhão, em vários setores, que impactam no curto prazo e podem ter continuidade em um eventual segundo mandato.

A composição heterogênea com a base fisiológica e clientelista é um dado real da política e do pragmatismo eleitoral marcantes no Maranhão, desde Benedito Leite. È justamente no período eleitoral que a Política supera a Química, onde água e óleo se misturam.

Mudança profunda só haverá em um cenário de ruptura com a elite política tradicional e a sua renovação geracional, uma usina que descarta Waldir Maranhão e produz Josimar Maranhãozinho ou Fufuquinha. Nessse cenário, o principal idealizador de Flávio Dino na política, Zé Reinaldo foi colocado para fora da Toca dos Leões.

Em uma análise equilibrada, sem paixões, vale ressaltar que o núcleo duro do governo não está contaminado pelos vícios de outrora e existem diferenças quilométricas entre Flávio Dino e Ricardo Murad, essencialmente no trato com a coisa pública.

Exemplo de uma pequena transformação é a Casa de Veraneio, que segundo a oposição foi usada para os banquetes financiados com dinheiro público, na Casa Ninar, um centro de referência para o tratamento de crianças com problemas de neurodesenvolvimento, com amplo acesso às famílias pobres.

Mas por outro lado vários escândalos foram descobertos na gestão de Flávio Dino, como o Aluguel Camarada, as obras inauguradas e não pagas aos empresários, as licitações mal explicadas, a premiação do Campeonato Maranhense, além de tantas outras ilicitudes.

O resultado dessa pequena diferença é que existem melhoras, mas mínimas no primeiro mandato de Flávio Dino. A mudança não está dada. É uma construção lenta. E vai depender das forças políticas que terão hegemonia no segundo mandato, se isso acontecer. Mas principalmente do respeito ao dinheiro público.

Daí a importância de ampliar a base progressista na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal, acentuar o protagonismo dos movimentos sociais e avançar em políticas democráticas profundas no Maranhão.

Até o momento, mudaram os atores, mas o espetáculo permanece o mesmo.

Por Ed Wilson Araújo (com edição)

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