Justiça decreta prisão preventiva de ex-servidor acusado de estelionato
O homem teria dado prejuízo de R$ 30 milhões em esquema de apostas que envolveu juízes
O Tribunal de Justiça decretou a prisão preventiva de Felipe Tobler Lemgruber, ex-servidor do próprio Tribunal, acusado de fazer um esquema de apostas esportivas em pirâmide financeira. Como o GLOBO revelou com exclusividade em outubro, entre as vítimas de Tobler estavam juízes, servidores do Judiciário e moradores de Barra do Piraí e Volta Redonda. Ele foi demitido há dois meses após investigações internas do TJ.
Na decisão em que aceitou a denúncia do Ministério Público e decretou a prisão preventiva do ex-servidor, a juíza Anna Carolinne Licasalio da Costa ainda afirmou que Tobler tentava buscar novos investidores para quitar as dívidas, formando uma “bola de neve”:
“O prosseguimento das investigações apontam para a existência de indícios de crime de estelionato e que Felipe já se encontrava em débito com seus “clientes/investidores” há algum tempo e vinha buscando novos investidores em outros grupos de modo a saldar as dívidas pré-existentes, formando-se assim uma bola de neve quando os apostadores resolveram resgatar os aportes”, diz trecho da decisão obtida pelo GLOBO.
Tobler não apresentou a Justiça seu endereço. A decisão sobre a prisão foi proferida no último domingo, e ele já é considerado foragido. A Polícia Civil trabalha para tentar localiza-lo. A falta de informações sobre seu paradeiro também foi alvo de análise da magistrada em sua decisão:
“Impende ressaltar que este juízo aplicou medidas cautelares as quais não foram adequadamente cumpridas pelo acusado que até a presente data NÃO apresentou seu atual endereço, sendo certo que foram ignoradas mesmo as medidas assecuratórias de sigilo dessa informação. Impende ressaltar que aparentemente nem este juízo nem seus credores nem as autoridades investigativas possuem qualquer noção do seu paradeiro”, afirma a juíza.
Mesmo em débito com outros “clientes/investidores” há algum tempo, em seu papel como trader esportivo, o servidor exonerado do Tribunal de Justiça do Rio Felipe Tobler seguiu atuando no mercado de apostas e fazendo novas vítimas. A informação está na decisão da juíza Anna Carolina Licasalio da Costa, de Barra do Piraí. Ele angariava novos clientes como maneira de saldar dívidas feitas com outros. “Formando-se assim uma bola de neve quando os apostadores resolveram resgatar os aportes”, nas palavras da juiza, ao aceitar o pedido de prisão preventiva.
O texto da decisão destaca que em todos os depoimentos de vítimas — o golpe que deu em juízes, médicos, comerciantes e outros moradores no Sul Fluminense ultrapassou os R$ 30 milhões — indicavam que o então assessor judiciário era ‘uma pessoa muito carismática”. Diante disso, conclui a juíza, pode estar em local não sabido praticando os mesmos atos, “havendo flagrante risco para a ordem pública e econômica”. O mandado de prisão tem prazo de oito anos.
Em entrevista ao GLOBO no dia 20 de outubro, Tobler sustentou que apostas são o futuro da nossa economia, diante da instabilidade do mercado financeiro. Lembrou que os jogos de azar não são proibidos aqui, mas a instalação de empresas de apostas, sim.
Seus clientes depositavam o dinheiro em sua conta, e ele jogava. Sua “especialidade” era o tênis. “Meu erro foi acelerar os ganhos. Eu tenho problema de dependência no jogo. Isso cega a gente. O bolo começou a crescer demais”, disse Tobler, que disse ter se viciado em apostas. “Eu errei muito. Tinha uma família perfeita e tinha admiração na cidade. Tenho certeza de que participei de ato ilícito”. Os bens e contas do servidor, expulso do Tribunal de Justiça por processo administrativo motivado pelos golpes, estão penhorados e bloqueados. Leia mais clicando AQUI…
Por Felipe Grinberg, Maiá Menezes e Paolla Serra (O Globo)