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Palácio do Planalto em explosão por escândalos no governo Bolsonaro

Alvo de ex-mulher de Pazuello na CPI da Covid tem cargo no Ministério da Saúde

A informação de que a ex-mulher do general Eduardo Pazuello quer depor na CPI da Covid deixou o ambiente político alvoroçado. Ex-mulheres são parte da crônica política nacional como responsáveis por denúncias que abalaram governos. Mas, por ora, o foco da ex-mulher de Pazuello, Andrea Barbosa, é a namorada do ex-ministro, Laura Appi, de 33 anos, que ocupa o cargo de diretora de programa na Secretaria de Atenção Primária à Saúde.

Nas mensagens que enviou, Andréa inclui fotos e documentos para sustentar que a tenente foi contratada apenas em função do relacionamento com o então ministro. Os senadores que avaliaram as informações, porém, não pretendem chamá-la por enquanto, por considerarem que a maior parte das informações fornecidas pela ex de Pazuello é de caráter pessoal e não tem a ver com o combate à pandemia de Covid-19.

“Não estamos atrás de informações da vida particular de ninguém. Nossa prioridade no momento é o caso da Covaxin”, disse o presidente da CPI, Omar Aziz, que vai colocar em votação na terça-feira (29) os requerimentos de convocação dos funcionários da Saúde ligados ao deputado Ricardo Barros (PP-PR) que teriam pressionado o servidor Luis Ricardo Miranda a aprovar a importação da vacina indiana.

Laura é infectologista, primeira-tenente do Exército e também a última remanescente do grupo de militares que Pazuello levou com ele para funções de confiança no ministério.

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Ela conhece Pazuello desde que atuava no Hospital Militar de Manaus, onde mora a família do ex-ministro. É infectologista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Pós-Graduada em Controle de Infecção Hospitalar pelo Instituto Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Quando o general assumiu o cargo, em maio de 2020, ele a nomeou para o cargo de diretora de programas.

A partir daí, Laura assumiu a condição de braço-direito, participando de reuniões importantes, viagens oficiais, lives com o presidente Jair Bolsonaro e decidindo até mesmo quando e a quem Pazuello deveria dar entrevistas.

Conhecida internamente como Appi, a tenente também representou o então ministro em tratativas com secretários de saúde estaduais e municipais a respeito da aquisição de vacinas e insumos médicos.

Segundo secretários, funcionários do ministério e até mesmo parlamentares que estiveram em eventos com os dois, nem ela nem Pazuello faziam segredo do relacionamento.

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Também é atribuída a ela a redação de uma nota técnica que indicava a prescrição de cloroquina e outros remédios sem eficácia contra a Covid-19 para o chamado tratamento precoce, documento que acabou excluído do site do ministério após questionamentos de senadores independentes e de oposição na CPI.

Segundo fontes do ministério da Saúde, Laura submergiu após a demissão de Pazuello. Trocou de andar e deixou de participar das reuniões-chave, como fazia antes.

A equipe do blog conversou com Laura na sexta-feira (25), antes de saber que ela era o alvo da ex-mulher de Pazuello. Ela disse que continuava trabalhando normalmente e cuidando de programas no ministério. No domingo, depois de obter a informação de que a médica era o assunto do dossiê, tentamos entrar em contato novamente. Ela não atendeu o telefone e nem respondeu às mensagens.

Laura faz parte de um grupo restrito de militares que, segundo se dizia nos bastidores, tinham que ser preservados porque poderiam ser convocados para a CPI da Covid

O outro militar mantido no cargo era Alex Lial Marinho, coronel acusado pelo servidor Luis Ricardo Miranda de ter feito pressão para a liberação da importação da vacina indiana Covaxin, mesmo com irregularidades nos documentos.

Lial Marinho pediu exoneração do ministério no último dia 8 e agora dá expediente no Ministério da Defesa. Quem também havia sido mantido e acabou exonerado do cargo de coordenador de execução orçamentária  foi o tenente Vagner Luiz da Silva Rangel.

Por Malu Gaspar

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