A Polícia Civil apreendeu, na quarta-feira (28), uma espingarda e um revólver do empresário José Sabatini, após ele aparecer em vídeos que circulam nas redes sociais lambendo e mostrando armas dentro de um carro e em uma rua do Centro de São Paulo, perto da sede da Polícia Civil do estado.
O caso é investigado pelo 3º Distrito Policial (DP), Campos Elíseos, e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), paralelamente. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que as armas foram apreendidas durante diligências para localizar o homem e esclarecer os fatos.
A arma foi apreendida no final da tarde em Artur Nogueira, região de Campinas, na casa onde o idoso mora. Ele não foi encontrado.
Delegacia abriu inquérito na quarta (28) após imagens circularem nas redes sociais. Segundo delegada, ele foi identificado como o empresário José Sabatini. Nos vídeos, ele pede para Bolsonaro dar ‘golpe’ no Congresso. Homem já havia sido investigado em 2021 por ameaçar Lula.
Segundo a delegada Vanessa Guimarães, assistente da Delegacia Seccional Centro, afirmou ao g1, o homem que aparece nas imagens foi identificado como o empresário José Sabatini, de 71 anos.
Ele é investigado por suspeita de ter cometido o crime de porte ilegal de arma de fogo. A reportagem não conseguiu localizá-lo para comentar o assunto.
“Sim. A gente já identificou: José Sabatini”, falou a delegada. “A autoridade policial do 3º Distrito tomou conhecimento por meio das redes sociais do vídeo com a arma de fogo no Centro da cidade. Em razão disso foi aberto inquérito policial para apuração do porte [ilegal] de arma”.
Nas imagens, o homem aparece lambendo o cano de uma arma longa enquanto está dentro do carro. Em seguida ele diz o nome do presidente Jair Bolsonaro (PL). A polícia ainda investiga quando a imagem foi feita e tenta identificar quem a gravou.
Em outro vídeo que também circula na internet, o homem aparece vestindo paletó, camisa e calça social, caminhando pela Rua Washington Luz. Ele segura a arma longa com uma mão e depois a coloca no ombro. Também é possível ver que há uma arma curta presa à cintura dele.
Depois, ele diz que quando Bolsonaro for eleito, ele deve dar um “golpe” no Congresso e no Supremo.
A polícia investiga se a arma longa que aparece na filmagem é uma espingarda calibre 12. Para a investigação, há indícios de que as duas armas que aparecem nos vídeos possam ser verdadeiras.
“Agora a autoridade policial vai fazer algumas diligências, como ouvir o autor, tentar localizá-lo e notificá-lo para apresentar a sua versão, podendo ser indiciado por porte [ilegal] de arma. Pela pesquisa preliminar que a gente fez, ele não tem arma de fogo registrada no nome dele”, falou a delegada Vanessa.
A Polícia Civil também irá requisitar informações à Polícia Federal (PF) para saber se Sabatini tem autorização para portar armas.
O Exército brasileiro também será oficiado pela investigação para saber se o empresário possui autorização para ser CAC, sigla usada para Colecionador de armas, Atirador esportivo e Caçador. Quem pertence a essa categoria pode transportar armas somente para atividades relacionadas a CAC, como eventos e estandes de tiro.
Bolsonarista ameaçou Lula
Essa não é a primeira vez que Sabatini é investigado pela polícia. Em 2021, o Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) investigou o empresário por suspeita de ameaça, porte ilegal e disparo de arma de fogo.
Naquela ocasião, ele havia divulgado vídeo na internet onde aparecia vestindo camiseta com o nome do Brasil e a bandeira do país amarrada na cintura. Na sequência, o homem ameaçava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após atirar várias vezes contra alvos.
Sabatini gravou o vídeo dias depois de o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, anular as condenações por crimes de corrupção contra Lula. Atualmente, o político é candidato à presidência novamente neste ano.
Esse caso foi parar na Justiça, onde Sabatini respondeu criminalmente por ameaça contra Lula e foi proibido de exibir o vídeo. Mas o processo acabou arquivado após “transação penal” feita entre ele e o Ministério Público. Os detalhes do acordo não foram divulgados. Segundo a Folha de S.Paulo divulgou à época, o empresário “disse à polícia que não tem a intenção de matar o petista, e que a sua fala se deu em um momento de inconformismo”.
Duas armas dele chegaram a ser apreendidas pela polícia. Mas mesmo assim o homem não teria sido indiciado por nenhum crime.
Apesar disso, o empresário ainda responde atualmente a processo civil por injúria movido pelo ex-presidente, que entrou com uma ação de indenização por dano moral.
Sabatini é morador de Artur Nogueira, no interior paulista. Ele já foi membro da presidência da Associação Comercial e Empresarial da cidade (Acean). Procurada pelo g1 à época do vídeo, a instituição não quis comentar o caso. A empresa de Sabatini é uma indústria hidráulica.
Por Gilberto Lima