Efeitos da Mistureba Ideológica
Crônica escrita pelo radialista Raimundo Nonato, maranhense radicado no Rio de Janeiro
Nada contra ser religioso e exercer um cargo político ao mesmo tempo. Mas quando alguém resolve colocar religião e política para bater no liquidificador, o resultado é uma gororoba que engorda o rebanho dos fiéis e emagrece as aspirações do povo que representa.
E na “Terra de Santa Cruz” isso é tão comum quanto lamber os dedos depois de chupar um favo de mel. Assim as convicções do nosso prefeito religioso acabaram por levá-lo ao exterior por ocasião do Carnaval, uma vez que no seu entender, o maior espetáculo da Terra é uma festa de natureza profana e ele jamais admitiria aplaudir de camarote os dançarinos do “Capeta”, nem por um minuto.
Contudo anjos e demônios co-habitam no território onde o Chefe do Executivo Municipal foi eleito com o fim de governar para todos os cidadãos, independentemente de suas convicções religiosas e políticas, incluindo nesse contexto sua presença nos principais eventos da Cidade. E entre outras medidas, para assegurar um gabinete isento de fluidos negativos, preferiu buscar na igreja nomes para compor o seu quadro de assessores.
É como dizia o nosso saudoso Lilico: “É bonito isso?”
E na esfera federal a mistureba também tem o seu lugar no momento em que um presidente da República se elege com a ajudinha da comunidade religiosa e se sustenta com a força de uma numerosa bancada, também religiosa, na Câmara Alta a quem uma vez eleito, deveria se submeter.
A partir de então ficou livre para cometer iniquidades na saúde, cuspindo e depois lambendo o resultado das beligerâncias que são próprias do seu estilo. O Presidente é bem informado por sua competente equipe e sabe perfeitamente o que se passa no mundo, embora subestime para o seu povo a gravidade do problema no setor, priorizando um mal que corre em paralelo na economia.
Por outro lado parece ingênuo ao expor a própria saúde sem a proteção e os cuidados necessários diante de um poderoso inimigo de quem conhece muito bem o nome e o poder de suas armas, mas prefere enfrentá-lo com falas ao vento. Donde se conclui que se trata de um cidadão que não sabe o que diz, nem diz o que sabe.
Amigos, eu não disse que isso acontece no Brasil, só falei da Terra de Santa Cruz. Entenda como quiser.
Por Raimundo Nonato – Radialista, Contador, Compositor e Escritor.