Território quilombola no Maranhão é invadido
As terras de quilombos passaram a alvos de grileiros no Maranhão
Dez homens armados invadiram o território quilombola Tanque da Rodagem e São João, no sábado (11) no período da noite, no município de Matões, no Leste Maranhense, distante 460 km de São Luís. Agropecuários estão cometendo crimes dessa natureza e a justiça fica em silêncio.
A comunidade, que estava em vigília, resistiu. Quilombolas impediram que os jagunços, contratados por dois plantadores de soja oriundos do Paraná, e que ameaçam a vida tradicional, não se apropriassem novamente dos tratores, que ao longo do dia desmataram imensas áreas do cerrado. No local, os quilombolas plantam para manterem o bem viver.
É uma tragédia anunciada o que acontece em Tanque da Rodagem. Desde as primeiras horas do sábado (11/09) , a Comissão Pastoral da Terra no Maranhão, que acompanha a situação da comunidade, denunciou às autoridades policiais a invasão e o desmatamento no território pelos jagunços, sem nenhuma Ordem Judicial. A vegetação nativa, com árvores protegidas e espécies frutíferas que servem ao sustento do território, foram destruídas ao longo do dia com o uso do correntão da soja.
As denúncias sobre essa invasão foram amplamente veiculadas nas redes sociais dos movimentos em Defesa do Cerrado e por emissoras tradicionais de televisão no Maranhão. Os quilombolas fecharam a MA 262 em protesto a situação. O advogado da CPT, Rafael Silva, alertou que é “preciso que as instituições do Estado do Maranhão ajam para a proteção da comunidade Tanque da Rodagem contra inclusive crimes ambientais e outros tipos de crime que se configuram por lá”, denunciou.
Para Sebastião Ferreira, que há mais de 46 anos mora na região, é uma situação absurda. “As pessoas chegam de fora, dizendo que são donas sem nenhum respeito a nossa história e ao nosso modo de vida. É daqui, há quatro décadas, que tiro o sustento da minha família”, afirmou.
Mesmo assim, a noite trouxe ainda mais ameaças e violências. As notícias que o amanhecer do dia traz é que tanto a comunidade quilombola como os jagunços continuam no território Tanque da Rodagem e São João e a interdição continua da MA 262. No território vivem mais de 50 famílias, desde 2013 elas aguardam a regularização fundiária do território quilombola pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
Por Gláucio Ericeira